Língua Portuguesa -
Já se disse muitas vezes que o idioma tem suas armadilhas e que quem escreve deve dar atenção redobrada a elas. O uso ou não do hífen, em algumas circunstâncias, pode ser uma delas.
Vejamos a expressão "linha dura", que se refere a um tipo de política (que preconiza o uso de medidas severas contra a corrupção e a subversão). Aquele que a exerce é o "linha-dura", agora com hífen, grafia que permanece no adjetivo: "político linha-dura".
Caso semelhante é o de "à-toa" e "à toa". A forma hifenizada é um adjetivo. Usa-se, portanto, para caracterizar substantivos. "Não se irrite por uma coisa à-toa" (insignificante). Sem hífen, é locução adverbial: "Estava à toa na vida,/ o meu amor me chamou/ pra ver a banda passar...", como está na letra de "A Banda", sucesso de Chico Buarque.
O hífen, por vezes, indica que duas ou mais palavras perderam seu sentido original em favor de um novo. A grafia "pão-duro" não deixa dúvidas: todos sabemos que se trata de um indivíduo sovina ou avarento, não de um pão enrijecido. Até uma oração pode transformar-se em substantivo. O substantivo "guarda-civil", por exemplo, refere-se a um policial que é membro da "guarda civil". Quando indica a corporação, a expressão não tem hifens.
"Mal-educado", grafado com hífen, é um adjetivo: "Era um moleque mal-educado". Mas, se a oração for: "Ele foi mal educado pelos tios", "foi educado" será a forma passiva do verbo "educar", ação praticada pelos tios. E "mal" não será prefixo, mas advérbio de modo. Na voz ativa, diríamos: "Os tios o educaram mal". O particípio "educado" agora guarda o traço temporal, que lhe assegura a condição de verbo. A perda desse traço faz do particípio um adjetivo. Na dúvida, consulte um bom dicionário.
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