Língua Portuguesa -
Embora a palavra imperativo esteja ligada à ideia de "comando", nem sempre usamos esse modo verbal para dar uma ordem. Quase sempre, nossa intenção, ao utilizar o imperativo, é estimular ou exortar alguém a cumprir a ação indicada pelo verbo. Mas também usamos o imperativo para proibir, rogar e convidar.
Os dois imperativos existentes em português, afirmativo e negativo, são utilizados somente em orações absolutas, em orações principais, ou em orações coordenadas, podendo exprimir:
a) ordem ou comando:
Cavem, cavem depressa!
(Luís Jardim)
b) exortação, conselho:
Não olhes para trás quando tomares
O caminho sonâmbulo que desce.
Caminha - e esquece.
(Guilherme de Almeida)
c) convite, solicitação:
Vinde ver! Vinde ouvir, homens de terra estranha!
(Olegário Mariano)
d) súplica:
Não me deixes só, meu filho!...
(Luandino Vieira)
e) sugestão de uma hipótese:
Suprima a vírgula, e o sentido ficará mais claro.
f) ordem:
Saiam da chuva, meninos!
(Luís Jardim)
Observação: devemos levar em conta que as ideias expressas pelo imperativo dependem não só do significado do verbo, mas também do contexto em que a frase é falada (ou lida); e, também, da entoação que se dá às palavras. A depender do tom da voz, o que, aparentemente, é um comando, pode se transformar em súplica. |
Uniformidade de tratamento
Na língua portuguesa falada no Brasil - ou seja, na linguagem coloquial brasileira -, o pronome você praticamente derrotou o tu. Muitas vezes, no entanto, as duas formas de tratamento se misturam na frase, causando erro, o que se torna cada vez mais comum quando utilizamos o modo imperativo.
Vejamos, por exemplo, esta frase:
- Faze para ti e seus filhos uma casa na parte mais alta da colina.
O pronome ti (forma que o pronome tu assume em alguns casos) corresponde, corretamente, ao verbo fazer, usado na 2ª pessoa do imperativo afirmativo (faz, faze tu). O mesmo não ocorre, entretanto, com o pronome seus (que corresponde à 3ª pessoa).
Dessa forma, para que haja uniformidade de tratamento, devemos colocar toda a frase ou na 2ª pessoa, ou na 3ª. Assim:
- Faze para ti e teus filhos uma casa na parte mais alta da colina. (2ª pessoa)
- Faça para você e seus filhos uma casa na parte mais alta da colina. (3ª pessoa)
Não esqueça: em vestibulares, provas e concursos, exige-se sempre o conhecimento da norma culta (formal, erudita) da língua - e não a norma informal, que usamos no dia a dia.
Fontes - Gramática de usos do Português, Maria Helena de Moura Neves, Editora Unesp, 2000.
- Nova Gramática do Português contemporâneo, Celso Cunha & Lindley Cintra, 5ª edição, Lexikon Editora, 2008.
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