Língua Portuguesa -
Para bem formular um pensamento, nada como dominar certas estruturas da língua. Não basta aplicar regras de ortografia ou de concordância para escrever com eficácia. Também é importante que se conheçam mecanismos de hierarquização de ideias.
Ao organizar o período segundo o princípio de coordenação, dá-se o mesmo valor a cada uma das orações; ao estabelecer a relação de subordinação, uma ideia ganha mais relevo que outra.
Comparemos os dois trechos a seguir: (1) Ontem houve uma reunião do partido da qual participaram vários senadores. (2) Ontem houve uma reunião do partido. Dela participaram vários senadores. Embora exista em ambos um conteúdo comum, em (1), o período é composto por subordinação e, em (2), há dois períodos simples justapostos.
Ora, em (1), é dada maior importância à primeira oração, à qual se subordina a segunda. Assim, a ocorrência da reunião é um fato mais relevante que a participação dos senadores.
Em (2), a substituição do pronome relativo pelo pronome pessoal eliminou a relação de subordinação - e as informações passaram a equiparar-se. Temos, então, uma diferença de ênfase entre os fragmentos (1) e (2). Observemos que não se constrói uma frase como: "Houve uma reunião, dela participaram vários senadores". Ou se substitui "dela" por "da qual", ou se troca a vírgula por um ponto.
Caso curioso, entretanto, é o que se dá quando a preposição em questão é "entre". É comum encontrar frases como: "Houve muitos participantes, entre eles o ministro X". Melhor seria o uso de "entre os quais" em vez de "entre eles", pois, embora não haja um verbo explícito na segunda oração, trata-se de uma subordinada adjetiva ("Houve muitos participantes, entre os quais estava o ministro X"). Outra solução: mudar a pontuação e realçar a segunda oração, da qual não mais se omitiria o verbo. Assim: "Houve muitos participantes. Entre eles, estava o ministro X".
O que se tem visto -sobretudo quando se trata da preposição "entre"- é a retomada do antecedente pelo pronome pessoal precedido de vírgula (e não pelo pronome relativo), conforme o exemplo anterior, construção que parece hesitar entre a intenção de enfatizar uma das ideias e a de anular a ênfase.
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