Literatura -
10/081912, Itabuna, BA 06/08/2001, Salvador, BA | O regionalismo de Jorge Amado, ainda que fruto das experiências vividas na infância – quando assiste às lutas entre fazendeiros e exportadores de cacau no interior da Bahia -, nasce, principalmente, de uma opção política, de início intuitiva e, a partir da década de 1930, identificada com o Partido Comunista, mas sempre romântica. Seu lirismo imbuído de ideologia igualitária e sua espontaneidade comprometerão a qualidade de sua obra, marcada por altos e baixos que, segundo Antonio Candido e José Aderaldo Castello, “revelam descuido de fatura, tanto na composição quanto no acabamento, prejudicando muitas vezes o efeito de sua capacidade fabuladora”. |
Vida e obra |
O jovem ligado ao grupo Academia dos Rebeldes – que defendia uma literatura brasileira com sentido universal e se mostrava contrário aos ideais da Semana de Arte Moderna - atuará no jornalismo, formando-se em direito. Estreia na literatura com O país do carnaval (1932) e, em 1935, publica uma de suas melhores obras: Jubiabá. Seus personagens mais importantes – sempre os mais pobres, os mais primitivos – são, na maioria das vezes, produto de uma observação da vida filtrada pela ideologia marxista. O compromisso político de Jorge Amado leva-o, inclusive, a escrever obras de nítido cunho propagandístico, como Seara vermelha (1946) e a trilogia Subterrâneos da liberdade (1954). À linguagem descontraída, próxima da oralidade, e a um compromisso político mais diluído, Jorge Amado somaria, em 1958, um agradável toque humorístico, cujas raízes talvez possam ser encontradas em Gregório de Matos: nasceria, então, o seu maior sucesso, e também uma de suas obras-primas, Gabriela, cravo e canela, marco na carreira do escritor. |
Principais obras: Jubiabá, Gabriela, cravo e canela e A morte e a morte de Quincas Berro d’Água. |
Características | |
Capitães da areia, publicado em 1937, sofre a influência das preocupações políticas do autor, somadas ao seu emocionalismo exacerbado - ou, segundo Wilson Martins, “pouco afeito às abstrações e ao rigor intelectual, instintivamente antirracionalista”. Sexto romance do autor, livro menor, se comparado às principais obras de Jorge Amado, apresenta a história de um grupo de meninos que, sob a liderança de Pedro Bala, vive de furtos e trapaças. As experiências desse líder o levarão, gradativamente, à militância política, salto de conscientização típico dos romances da primeira fase do autor. Para parcela da crítica, | |
Jorge Amado cria personagens sem profundidade psicológica. É o que ocorre em Capitães da areia, no qual encontramos também grande dose de populismo literário. |
Curiosidades |
Em 1945, Jorge Amado foi eleito membro da Assembleia Nacional Constituinte pelo Partido Comunista Brasileiro (PCB), tendo sido o deputado federal mais votado do Estado de São Paulo. Apesar de ser Doutor Honoris Causa por diversas universidades, Jorge Amado sempre se orgulhou do título de Obá (no candomblé do Opô Afonjá, em Salvador, BA, título dado a cada um de 12 homens que têm assento honorário junto à chefia da casa). |
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