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É interessante para mim, para não dizer triste, observar como até hoje, passados quase 150 anos, faz-se uma interpretação incorreta das palavras proferidas por Darwin em sua apresentação de "A Origem das Espécies".

Atolado em erros de interpretação e em distorções conceituais sem sentido, nasceu, há algumas décadas, "um tal de" darwinismo social - conjunto de pensamentos elitistas e de forte conteúdo capitalista que deixou um rastro de horror na interpretação biológica verdadeira do pensamento de Darwin.

Tal evento ainda demanda muitas horas de discussão com meus alunos, na tentativa de apagar os danos profundos causados pelo uso incorreto dos conceitos de "sobrevivência dos mais aptos", "seleção natural" ou ainda "luta pela existência (vida)".

Um dos erros mais comuns e mais difíceis de apagar é a crença de que a seleção natural age principalmente por meio da mortalidade dos organismos, isto é, os indivíduos menos adaptados simplesmente morrem, são eliminados!

Some-se a isso uma "luta pela vida", e temos como resultado a ideia de que a seleção natural favorece comportamentos agressivos, predatórios, de luta por recursos, ou ainda indivíduos melhores, mais fortes e mais rápidos. A própria "Lei do Cão"! Se só isso fosse verdade, teríamos, cada vez mais, indivíduos mais fortes, mais rápidos e (argh!) mais agressivos.

Observe, entretanto, uma interpretação mais sutil (e correta, acredite!) para essa sobrevivência do mais apto. A seleção natural tem como moeda principal um sucesso reprodutivo diferencial, isto é, os indivíduos mais bem adaptados ao ambiente (com uma tal característica) devem deixar um número maior de descendentes, que, por sua vez, carregam tal característica como herança.

Assim o conjunto (pool) gênico das próximas gerações tem tal característica em maior peso. Tal conceito elimina extremos, mas não pela morte dos indivíduos!

Por exemplo: um indivíduo muito agressivo pode gastar muito de seu tempo em brigas por territórios/alimentos, destinando pouco tempo à reprodução. Também um indivíduo submisso fica muito tempo escondido ou fugindo, destinando pouco tempo à reprodução.

Os dois deixam poucos descendentes, fazendo com que tais características (agressividade e submissão) estejam menos presentes no futuro, enquanto um mais "equilibrado" tende a deixar mais descendentes.

Para terminar este texto, imagine um indivíduo perfeito. Não necessariamente da espécie humana, embora seja difícil pensar em formigas ou tamanduás nestas horas.

O mais bonito, mais inteligente, grande corredor, extremamente educado, atencioso, dono de grandes propriedades. Simplesmente perfeito, mas que nunca se preocupou com a reprodução. Pois é, tal perfeição morreu (geneticamente) com seu proprietário. Saudações!

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