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Reflexão superficial compromete texto Thaís Nicoleti de Camargo* Especial para a Folha de S. Paulo A dissertação é um texto reflexivo, cuja estrutura se presta por natureza à expressão da opinião. Mas nem por isso o candidato deve posicionar-se de modo pessoal. Ao contrário disso, a impessoalidade é apreciada, pois o encadeamento lógico das idéias é que deve conduzir o leitor à conclusão pretendida. Assim, melhor seria omitir a expressão "creio que". Na introdução, constatou-se que todos sofremos influência dos que nos cercam, o que está implícito no tema dado. Perdeu-se a oportunidade de mostrar um ponto de vista crítico que conduzisse o raciocínio. O uso de palavras como "começando" e "terminando" denuncia certa dificuldade de estabelecer a coesão entre as partes do texto. A desvalorização dos professores na sociedade é uma realidade, mas é perigoso afirmar que "são incapazes de nos transmitir muitos conhecimentos". As generalizações fragilizam a argumentação. A expressão "mal treinados" poderia ser substituída por "mal preparados", já que a atividade de um professor pressupõe formação, e não mero treinamento para uma função. A influência dos pais não foi analisada. Que valores transmitiram aos jovens de hoje? Considerar os políticos "antimodelos" faz pressupor a existência de um modelo. É temerário o raciocínio de que se pode aprender o certo através do errado -no limite, uma contradição. Faltou assumir uma posição diante do problema. *Thaís Nicoleti de Camargo é consultora de língua portuguesa da Folha
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