Análise: 1ª fase da Unesp foi mais interdisciplinar e exigiu bom repertório
A primeira fase do vestibular da Unesp (Universidade Estadual Paulista), realizada nesta quinta-feira (15) de feriado, foi avaliada como mais interdisciplinar e mais exigente do que em anos anteriores por professores ouvidos pelo UOL.
“Foi uma prova marcadamente interdisciplinar, isso é o que mais salta aos olhos, e também mais difícil que no ano anterior”, diz Daniel Perry, coordenador do curso Anglo.
Em 4h30, os candidatos responderam a 90 questões sobre português, inglês, geografia, história, filosofia, biologia, química, física e matemática.
Artes plásticas, risco de morte para praticantes de BASE jumping, o sistema circulatório humano em analogia com circuitos elétricos, e a vigilância por parte de organizações de tecnologia estiveram entre os temas abordados na prova.
“Especialmente biologia, que costuma ser uma prova mais trivial e clássica, foi totalmente diferente dos anos anteriores. Havia questões fundindo biologia, física e química, trabalhando conceitos complexos. O candidato tinha que ter uma boa capacidade analítica, repertório”, afirma Perry.
Para a coordenadora pedagógica do curso e colégio Objetivo, Vera Lúcia da Costa Antunes, a prova seguiu a tradição de não gerar polêmicas, com questões simples e que não provocam dúvidas ao estudante.
“Ela continua nesta linha, mas, este ano, ela foi muito inovadora, mais do que nos anos anteriores. Não foram só questões convencionais, mas com domínio de conceito para avaliar a formação dos estudantes”, diz Antunes, que cita o uso, por exemplo, da interpretação de cartuns e charges durante a prova, o que a deixou mais “rica”.
“Ela não foi uma prova fácil. Tem questão que envolve o domínio de vários assuntos. A prova consegue realmente avaliar se os candidatos estão preparados ou não”, ela afirma.
O professor Célio Tasinafo, diretor pedagógico da Oficina do Estudante, faz uma avaliação contrária. Para ele, foi uma prova “velha”.
“A Unesp fez opção por utilizar temas dos mais batidos nas diferentes disciplinas, uma prova que não traz nada interdisciplinar. Eles misturaram as questões, mas isso não tem nada de interdisciplinar. É uma prova descontextualizada”, ele critica.
“Não estou dizendo que a prova tem de ser polêmica, mas tem de estar mais ligada à realidade do aluno.”
Mais fácil que o Enem?
Nas redes sociais, estudantes comentaram que a prova da Unesp estava mais fácil que a do Enem, Exame Nacional do Ensino Médio, realizada em duas etapas, nos dias 4 e 11 deste mês.
Os professores ouvidos pela reportagem avaliam que isso valeu para apenas algumas matérias.
“Química realmente foi mais fácil que no Enem. Linguagens possivelmente também foi mais fácil”, diz Daniel Perry. “A gente tem que levar em consideração que a prova do Enem é feita em dois domingos, tem muito mais questões, então acaba sendo muito mais pesada. Mas a prova deste ano da Unesp foi considerada mais difícil que no ano anterior e continua mantendo a característica de ser acessível.”
Na sua opinião, quem se preparou bem para o Enem possivelmente não teve problemas na prova de hoje.
Para o professor Célio Tasinafo, o aluno que se preparou para o Enem tem muita chance de ir para a segunda fase da Unesp. “Porque tem um vocabulário maior, tem maior habilidade de leitura, está pronto a desdobrar os textos, os enunciados e a pensar de forma mais ampla.”
Segunda fase e resultado
O resultado da primeira fase será divulgado no dia 3 de dezembro. As provas da segunda fase serão aplicadas nos dias 16 e 17 de dezembro.
A lista com os nomes dos classificados no vestibular Unesp 2019 será divulgada no site da Vunesp no dia 1º de fevereiro de 2019.
A instituição oferece 7.365 vagas em 23 municípios paulistas. Desse total, 50% é destinado ao Sistema de Reserva de Vagas para Educação Básica Pública. Segundo a Fundação Vunesp, que realiza o vestibular da Unesp, no ano passado a porcentagem de ingressantes oriundos de escolas públicas foi de 55,8%.
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