Fuvest 2015: Questões de literatura foram mais difíceis do que gramática

Do UOL, em São Paulo

Os professores de cursinhos ouvidos pelo UOL neste domingo (4) disseram que os candidatos que realizaram hoje a 2ª fase do vestibular 2015 da Fuvest tiveram mais dificuldade nas questões de literatura do que as de gramática e interpretação de texto.

Para Nelson Dutra, professor de português do Curso e Colégio Objetivo, a prova deste domingo exigiu do vestibulando "competência de linguagem" tanto para a prova de português quanto para a redação.

O professor afirma que as seis primeiras questões, que exigiam interpretação de texto e conhecimento de gramática (reforma ortográfica, reconhecimento da linguagem coloquial e ambiguidade), foram mais fáceis de resolver que as de literatura. "O aluno precisava conhecer a obra e também saber como redigir a resposta", comenta.

"Não dá para fazer a prova sem ler as obras, não dá para ler só os resumos. A Fuvest cobra detalhes da obra, o contexto em que ela foi escrita. É uma leitura realmente técnica", afirma Luís Ricardo Arruda, coordenador do Anglo Vestibulares.

O professor Celio Tasinafo, coordenador do Oficina do Estudante, chamou a atenção para uma questão de literatura em que o candidato precisava relacionar uma das obras de leitura obrigatória com as correntes filosóficas da época. "A Fuvest cobrou filosofia de uma forma indireta", afirma.

Outro professor que destacou a dificuldade da questão foi Lilio Paolollielo, diretor pedagógico do Cursinho da Poli. "Nessa pergunta, o candidato precisava respirar e escrever com consistência", disse.

Paolollielo afirma que de forma geral as questões de literatura exigiram mais do aluno do que as demais. "Hoje o candidato precisa ler e refletir sobre a obra dentro do seu contexto, porque a Fuvest não cobra só aspectos estilísticos, exige também que o candidato saiba os contextos históricos, sociais e culturais".

Os professores qualificaram esse primeiro dia de provas com dificuldade média e disseram que a Fuvest explorou bem as questões de gramática e interpretação de texto, com uso também de imagens nas questões. 

Redação

Neste domingo, a Fuvest (Fundação Universitária para o Vestibular) pediu ao candidatos que elaborassem uma dissertação sobre a "camarotização" da sociedade, a segregação das classes sociais e a democracia.

Na opinião de Dutra, o tema proposto na redação não foi difícil, mas exigia maturidade de reflexão e de linguagem do candidato. "Se o aluno fez duas redações do ano... [ele se complicou]", diz o professor. "Sem treino, não há jogo. Quem treinou pouco não tem capital de linguístico, nem cultural [para abordar o tema com tranquilidade]."

Já o professor do Oficina do Estudante disse que desigualdade social e segregação espacial das classes sociais são temas recorrentes e, por isso, o aluno precisava ficar muito atento ao recorte pedido pela Fuvest. "É um assunto sempre discutido em sala de aula, mas com um recorte bem atual. O problema é que, quando o assunto é muito recorrente, existe mais chance do aluno fugir do recorte proposto", afirma.