Enem 2014: professores de Curitiba fazem 'apostas' de temas para a prova

Jorge Olavo
Do UOL, em Curitiba

Diante de uma plateia de 4 mil pessoas, composta principalmente por vestibulandos, cerca de 50 atores, músicos, dançarinos e professores resumiram mais de cem anos de história em uma aula-espetáculo de três horas.

A ideia era chamar a atenção dos estudantes para fatos do Brasil e do mundo com grandes chances de serem cobrados neste ano no Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) e em vestibulares de todo o país.

Os vestibulandos Amanda Schwartz, 17, que tentará uma vaga em direito, e Henrique Clemente, 17, candidato de engenharia mecânica, assistiram ao show e falaram da importância de retomar o conteúdo a essa altura do ano letivo.

"Enfeitar os fatos históricos desse jeito [com danças, encenações, recursos multimídia, música] ajuda a gravarmos melhor o conteúdo. A gente vê e fixa o que aconteceu", disse Amanda. "Dessa forma relembramos a matéria do ano todo e os fatos em que precisamos focar. A ditadura militar e a mudança provocada por ela estão entre os temas que merecem atenção", afirmou Clemente.

Fonte: História Viva

"Ao longo do ano, as aulas são como capítulos de uma novela. Nessa revisão, juntamos tudo. Capítulos sintetizados e com recursos multimídia que ajudam o aluno a guardar as referências da época e o contexto em que os fatos ocorreram", conta o professor de história do Brasil Daniel Medeiros, um dos idealizadores e organizadores do História Viva, evento que teve a sua 19ª edição na primeira quinzena de outubro, em Curitiba.

Para o espetáculo de 2014, o destaque foi dado a acontecimentos que completam década neste ano e tiveram influência social, política, econômica e social ao longo da história. Entre os fatos revisados estava o centenário do início da Primeira Guerra Mundial (1914-1918), cujo estopim foi o assassinato do arquiduque Francisco Ferdinando, herdeiro do trono austríaco.

Atores mostraram como era a realidade dos soldados nas trincheiras, que caracterizaram a guerra e onde milhares de combatentes morreram. "Bombas, aviões, gases venenosos, granadas. Tivemos avanços tecnológicos enormes no decorrer do conflito, que também foi para os mares", disse o professor de história geral Renato Mocellin, outro mentor do espetáculo, promovido pelo Curso Positivo. "Durante a guerra, as mulheres passaram a ocupar postos de trabalho, ganharam força econômica e política", completou Mocellin.

O espetáculo também lembrou os 70 anos da chegada dos soldados brasileiros à Itália para lutar na Segunda Guerra Mundial (1939-1945). "Aqui há uma contradição da política interna e externa do Brasil. O alinhamento do Brasil com os Estados Unidos começou em 1942 e Getulio Vargas foi contra outros poderes totalitários", afirmou Mocellin.

Outro destaque foi aos 20 anos do Plano Real, que trouxe estabilidade financeira para o Brasil depois de várias tentativas para controlar a inflação com os planos Cruzado, Bresser, Verão e Collor. "Hoje temos uma geração que cresceu sem enfrentar as consequências de uma realidade de inflação. Lembrar o Plano Real é necessário para que não se permita que isso volte", disse o professor Medeiros.