UFMG vai punir quatro alunos por trote racista; 198 foram investigados

Carlos Eduardo Cherem
Do UOL, em Belo Horizonte
Reprodução/Facebook
18.mar.2013 - Trote realizado por alunos da Faculdade de Direito da UFMG gera acusações de racismo

Recurso apresentado por quatro professores da Faculdade de Direito da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais) na sindicância que apura o trote com conotações sexistas, racistas e nazistas na escola, em março deste ano, beneficiou 194 estudantes da instituição que estavam sendo investigados no caso. Apenas quatro alunos serão processados. 

A sindicância constatou que 68 estudantes do segundo período do curso participaram do trote, 32 membros do centro acadêmico da faculdade distribuíram bebidas alcoólicas e 98 alunos contribuíram financeiramente para o evento.

De acordo com a assessoria da UFMG, entretanto, apenas quatro deles que aparecem nas fotos divulgadas em redes sociais e na imprensa responderão a processo administrativo. As punições dos quatro podem variar de advertências e suspensões a expulsões.

A comissão formada por três professores da faculdade que fizeram a sindicância, agora, será encarregada de apurar as denúncias e ouvir os argumentos de defesa dos quatro alunos. Os estudantes, inclusive, vão poder contratar advogados para fazer as defesas no processo administrativo que será instaurado.

Chica da Silva

O trote ocorreu em 15 de março deste ano nas dependências da faculdade. Fotos do evento foram postadas em redes sociais. Em uma delas, uma caloura com o corpo tingido de preto aparece com as mãos atadas e carrega placa que diz "caloura Chica da Silva", em referência à escrava que viveu em Diamantina no período colonial.

Em outra, um aluno aparece amarrado e outros estudante – um deles com bigode de Adolf Hitler – fazem a saudação nazista, erguendo o braço direito.

Em abril deste ano, o Conselho Nacional de Promoção da Igualdade Racial publicou moção de repúdio ao trote no DOU (Diário Oficial da União) e solicitou providências à UFMG.

A UFMG, por sua vez, divulgou nota de repúdio às "brincadeiras" feitas durante o trote. "Elas representam um ato de violência que não faz parte da vida acadêmica".