Aluno de MG consegue vaga em federal sem concluir ensino médio
Rayder BragonDo UOL, em Belo Horizonte
O estudante Guilherme Lopes Dias, 17, conseguiu na Justiça o direito de fazer a sua matrícula e frequentar as aulas do curso de engenharia de controle e automação da Ufla (Universidade Federal de Lavras) mesmo sem ter concluído o ensino médio.
Respaldado pela nota obtida no Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) 2012, ele se gabaritou a uma cadeira na sala de aula da universidade, situada na cidade de Lavras (240 km de Belo Horizonte).
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Segundo Dias, como não tinha o certificado de conclusão do ensino médio, foi impedido de fazer a sua matrícula na instituição de ensino.
Um advogado contratado pela mãe do estudante entrou com um mandado de segurança contra a Secretaria de Educação de Minas Gerais para a emissão do certificado. Vencida essa etapa, o rapaz sofreu outro revés por causa do encerramento do prazo de inscrição na Ufla. Segundo ele, a sua vaga já teria sido repassada a outro candidato remanescente da lista do vestibular.
"Recorremos então à Justiça Federal, porque a universidade é federal", relembrou Dias. Ainda conforme seu relato, a decisão judicial foi favorável à sua inscrição no curso.
'Fominha'
Questionado se valeu todo o esforço empreendido por ele e pela mãe ao antecipar a sua entrada no ensino superior, Lopes admitiu ser "fominha". Dias estudou em escolas públicas e cursava o segundo ano do ensino médio no IFSP (Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de São Paulo).
"Sempre gostei de estudar. E não era por imposição, mas porque gosto mesmo, o dia todo. Vou tentar aproveitar ao máximo o que a universidade puder me oferecer", afirmou. A expectativa agora, segundo Lopes, é pelo início efetivo das aulas, que será na próxima quarta-feira (15).
"Sempre me dei bem com pessoal mais velho. Para mim, valeu muito a pena porque a possibilidade de crescer é grande, além do tempo que vou gastar para ir à universidade ser muito menor do que gastava em São Paulo", resumiu o estudante, que morava com uma tia na capital paulista. Ele ainda adiantou pretender seguir carreira na iniciativa privada ao cabo da conclusão do curso.
"Com certeza eu faria o ensino superior. Podendo adiantar isso, foi uma mão na roda. Para mim, foi normal", avaliou.
"Não tem limites"
Aparecida Lopes, mãe do estudante, disse que o "périplo judicial" foi feito em razão de o filho ser um estudante dedicado, para quem valeria o esforço empreendido. Ela o considerou um rapaz "sem limites" quando o assunto é o estudo.
"Não foi fácil, é muita burocracia. Mas valeu a pena porque ele tem capacidade de estar na universidade. Ele é muito esforçado. Ele sempre foi precoce e não tem limites", disse entre risos.
A assessoria da Ufla afirmou que a universidade acatou a decisão judicial e a matrícula do aluno foi feita. A instituição não pretende recorrer.