Aluna diz ter sido obrigada a colocar pênis de boi na boca em trote

Anderson Sotero
Do UOL, em Salvador

Uma caloura do curso de agronomia da Uesb (Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia) denunciou ao MP-BA (Ministério Público da Bahia) ter sido obrigada a colocar na boca testículos e pênis de boi durante um trote no campus de Vitória da Conquista da universidade (a 509 quilômetros de Salvador).

O caso está sendo investigado pela Polícia Civil da Bahia. De acordo com a assessoria do MP-BA, a promotora Carla Medeiros recebeu a denúncia da mãe da jovem na última sexta-feira (3), dia em que o trote ocorreu. A promotora encaminhou o caso para a Delegacia de Atendimento à Mulher da cidade.

Segundo uma policial que não quis ser identificada, no depoimento, a jovem relatou que foi obrigada a participar do trote e a bochechar um líquido contendo urina de boi.

A estudante teria alertado os veteranos que tinha alergia, mas eles teriam afirmado que seria pior se ela não participasse.  Após o trote, a jovem começou a apresentar reações alérgicas e chegou a desmaiar. Depois, foi levada à enfermaria da universidade, onde teria recebido apenas "café e biscoito".

Inquérito

De acordo com a titular da 1ª Delegacia de Polícia de Vitória da Conquista, Tânia Silveira, um inquérito ainda está sendo instaurado para investigar a denúncia. Segundo a delegada, ocorreu um atraso no andamento do caso por conta de uma paralisação de policiais civis ocorrida nesta segunda-feira (6) .

"A denúncia do Ministério Público chegou ontem (segunda-feira) no final do expediente e ainda não veio para minhas mãos. A vítima deveria ter feito a denúncia diretamente na delegacia, mas preferiu ir primeiro na promotoria. Ainda vamos investigar e intimar as partes envolvidas, inclusive testemunhas", disse.

Procurada pelo UOL, a assessoria da Uesb não comentou a denúncia feita pela estudante e limitou-se a informar, através de nota, que "o trote, toda e qualquer manifestação estudantil que configure agressão física, psicológica, moral ou outra forma de constrangimento ou coação do aluno ingressante, é expressamente proibido em todos os campi da Instituição".

A assessoria da Uesb informou também que o infrator sofrerá "sanções disciplinares" e será denunciado ao Ministério Público.