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IBGE usa classificação de cor preta; grupo negro reúne pretos e pardos

Do UOL, em São Paulo

03/05/2013 14h15

O IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) usa preto como classificação de cor ou raça nas pesquisas de censo demográfico desde 1872, conforme Nota Técnica sobre o "Histórico da investigação sobre cor ou raça nas pesquisas domiciliares do IBGE".

USP não tem calouro preto nas três carreiras mais concorridas de 2013

As três carreiras mais concorridas do vestibular 2013 da USP (Universidade de São Paulo) não têm alunos pretos matriculados no 1° ano --conforme classificação de cor do IBGE (no quadro ao lado). Juntos, os cursos de medicina, engenharia civil em São Carlos e publicidade e propaganda matricularam 369 alunos, segundo a Fuvest (Fundação Universitária para o Vestibular). Desses, 78,3% se declararam brancos, 9,5% são pardos e 11,9%, amarelos.

Para formar a classificação de negros, é comum que seja somada a população preta à população parda para a formação de um grupo. Portanto, usar o termo preto não é equivalente a usar a categoria negro, que pode incluir os pardos

No primeiro censo realizado no Brasil, em 1872, a classificação aparecia em "quatro opções de resposta: branco, preto, pardo e caboclo".  A partir do censo de 1991, com a inclusão da categoria indígena, que a classificação passa a ser de "cor ou raça" e define cinco categorias: branco, pardo, preto, amarelo e indígena. 

"A classificação racial brasileira é única, e reflete preocupações engendradas pela história nacional. Não existe uma classificação internacional para raças ou para etnias. Nos diferentes países, conceitos como etnia, tribo, nação, povo e raça recebem conteúdos locais, pois as bases importantes para a delimitação das fronteiras entre grupos sociais são produzidas pela história de cada sociedade", explica Rafael Guerreiro Osório, consultor do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), no artigo "O Sistema Classificatório de "Cor ou Raça" do IBGE. 
 
Segundo estudos do sociólogo Oracy Nogueira, o preconceito no Brasil é racial de marca, que discriminaria pela presença de traços e marcas aparentes, principalmente a cor, "para a qual existe uma espécie de escala de gradação que vai do estritamente branco (o nível ideal) ao completamente preto. O preconceito se intensifica na razão direta dessa escala de cor e do porte de outras marcas: quanto mais negra é uma pessoa maior é a probabilidade de ser vítima do preconceito", afirma Osório no artigo.
 
A partir disso, o uso de cor como categoria do censo seria uma forma de tornar o conceito mais próximo da população que responde à pesquisa, pois essa se identificaria melhor pela cor.