Após trote universitário, jovem fica inconsciente e é abandonado em praça no RS
Um jovem de 17 anos foi socorrido pela própria mãe depois de ser obrigado a ingerir uma grande quantidade de bebida alcoólica em um trote que teria sido aplicado por colegas de faculdade. O estudante, que é calouro no curso de engenharia de produção da Unipampa (Universidade Federal do Pampa), na cidade gaúcha de Bagé (366 quilômetros de Porto Alegre), na fronteira oeste, foi abandonado sujo e inconsciente em uma praça da cidade. O rapaz se recupera de um coma alcoólico e está internado com alterações nos batimentos cardíacos, gastrite e inflamação no esôfago.
O trote ocorreu na tarde de sexta-feira (16), quando alunos mais velhos entraram na sala de aula, confiscaram os materiais dos “bixos” e levaram a turma para a praça Silveira Martins, próximo ao centro da cidade. Lá, sujaram os calouros com tinta, café, ovos, terra e farinha, e teriam obrigado os novos estudantes a beber. Conforme relatos de amigos, Fernandes tomou quase um litro de cachaça colocada através de um funil em sua boca.
Quando começou a passar mal, os veteranos utilizaram o celular da própria vítima para avisar seu pai, um caminhoneiro que no momento estava no Paraná. Assustado, ele acionou a mãe do rapaz.
Chegando ao local, Ana Cristina Fernandes encontrou o filho desacordado, atirado na praça, cercado por um grupo de jovens que não o acolheram. “Acho que ninguém ajudou com medo de ser responsabilizado. Apenas avisaram minha mãe”, conta Rafael Fernandes, 25, irmão do estudante.
Assustada, Ana Cristina levou o filho ao pronto socorro da cidade. Na emergência, Fernandes, que estava com os sinais vitais fracos e em um quadro de hiponatremia (baixo nível de sai minerais) e hipotermia (baixa temperatura corporal), chegou a receber massagem cardíaca dos atendentes.
O estudante recebeu alta no sábado, mas se queixando de desconforto, espasmos e cãibras, foi internado na Santa Casa da cidade no mesmo dia. Desde então, ele passa por uma série de exames.
Memória afetada
Fernandes não lembra de tudo o que aconteceu na tarde daquela sexta-feira. Após começar a beber, perdeu a consciência, só recobrada novamente no hospital. Ele evita falar no assunto e está receoso de como será recebido na faculdade pelos colegas.
“Queremos focar na recuperação e ressocialização dele dentro da universidade. Está começando a cair a ficha para ele, que começou a entender toda a repercussão que tudo tomou”, comentou o irmão Rafael.
A Polícia Civil da cidade abriu inquérito para investigar o ocorrido. Entretanto, evitou dar detalhes, pois se trata de um caso envolvendo um menor de idade. Já a universidade mantém contato com a família do rapaz e promete tomar providências.
Outro lado
A Unipampa publicou uma nota oficial na qual manifesta o seu “repúdio à prática de atividades violentas na recepção aos novos estudantes, ressaltando que condutas agressivas e coercitivas não condizem com os princípios da instituição”. A universidade se comprometeu em averiguar a responsabilidade pelo fato, “adotando em relação aos responsáveis as medidas previstas no regimento”.
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