Não passou no vestibular? Saiba se você tem perfil para fazer cursinho ou estudar por conta própria
Quem prestou vestibular e até agora não teve o nome publicado em nenhuma lista de aprovados, já pode começar a planejar a rotina de estudos para esse ano – mesmo com a possibilidade de ainda ser convocado para alguma universidade. Um passo importante é decidir como estudar: sozinho, em curso pré-vestibular ou com um grupo de amigos?
Se você é uma pessoa disciplinada, que consegue organizar bem os seus horários e conhece os seus limites, estudar por conta própria pode ser uma boa solução. Agora, se você precisa de explicações claras e objetivas sobre os temas estudados e não consegue se concentrar se não tiver alguém para chamar a sua atenção é bom procurar um cursinho pré-vestibular.
Se a opção for montar um grupo de estudos com os amigos, todos devem ter metas bem estabelecidas e comprometimento com o vestibular. "É dificílimo estudar em turma hoje, porque um tem um tablet, outro tem celular, notebook. Vira brincadeira. Eles acabam compartilhando coisas úteis para eles, mas inúteis ao desenvolvimento do estudo", afirmou Maria Beatriz Loureiro, coordenadora do serviço de orientação do campus de Araraquara da Unesp (Universidade Estadual Paulista).
Para Maria Beatriz, em qualquer uma das escolhas, o estudante deve ter uma disciplina interna e estabelecer horários em que esteja comprometido com ele mesmo.
Sem cursinho
A estudante Thalitta Morato Trindade, 24, passou no vestibular para fonoaudiologia na USP (Universidade de São Paulo), onde vai estudar, e para engenharia química na Unifesp (Universidade Federal de São Paulo). Devido ao trabalho e a “falta de grana”, ela decidiu estudar por conta própria durante todo o ano de 2011 e não se arrepende da escolha.
“Não ter feito cursinho foi a melhor coisa que eu fiz em 2011, perdia muito tempo e dinheiro no trânsito e nos intervalos das aulas. Em casa, eu me sentia mais tranquila para estudar e não tinha uma rotina de disciplinas, cada dia estudava uma coisa. Comigo não funciona organizar rotinas”, contou a caloura da USP.
Como já tinha feito cursinho em 2010, ela estudava a teoria pelas apostilas antigas e baixava provas para fazer exercícios. “Peguei as provas dos últimos seis anos da Unifesp e uns 10 anos da Fuvest, fazia a primeira e a segunda fase. As provas dão uma noção bem melhor da abordagem do vestibular, você fica mais esperto fazendo os exames e acaba ‘prevendo’ o que vai cair”, afirmou.
Quando tinha dúvidas, a estudante recorria a amigos que fez no cursinho, antigos professores e colegas de trabalho. “O que eu não conseguia mesmo, ia ver na internet e me virava”, contou.
Perfil de cada aluno
“É necessário saber estudar e isso depende do perfil de cada um. Têm alunos que precisam manter uma rotina de estudos todos os dias, enquanto outros não. Existem jovens que têm a necessidade do sono durante o dia, entre outras particularidades. É preciso conciliar as necessidades de estudos com as necessidades fisiológicas também”, afirmou Regina Pedroza, professora do Departamento de Psicologia Escolar e Desenvolvimento da UnB (Universidade de Brasília).
Para ela, a melhor forma de se criar uma disciplina de estudos é no cursinho. “É muito mais difícil para os jovens ter a autodisciplina de estudar sozinho para o vestibular, é quase impossível”, disse a professora. “Às vezes, o aluno não precisa rever o conteúdo de todas as matérias, existem cursinhos que oferecem disciplinas isoladas. Muitas vezes, a pessoa não se classifica por décimos, não é que o vestibulando não esteja preparado, o problema é que a concorrência está muito grande e faltam vagas nas universidades públicas”, completa.
Já para o terapeuta e palestrante Leo Fraiman, o cursinho não é a única opção para todos os candidatos. “Existem alunos que conseguem ser determinados e manter um horário regular de estudos sozinhos”, disse o terapeuta.
Agora, se o problema for só financeiro, os dois especialistas recomendam a procura pelos chamados cursinhos populares.
Não desistir
Para Fraiman, o vestibulando precisa ter um “raio-x realista” da situação em que se encontra, “seja por meio de simulados, avaliações de cursinho ou, até mesmo, uma conversa com o orientador da escola em que cursou o ensino médio”.
Outro ponto importante é não desanimar por não ter entrado na faculdade ainda: “Vale a pena lembrar que vestibular a gente presta até passar e não para passar. É preciso persistir nos ideais”, orienta Fraiman. Segundo ele, uma escolha bem definida da carreira que o estudante pretende seguir, também acrescenta ânimo aos estudos.
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