UFMT decide reservar 50% das vagas para estudantes do ensino público
A Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) decidiu destinar 50% das 5.200 vagas para estudantes do ensino público matriculados desde a 1ª série. E dessas 2.600 vagas, 520 serão somente para negros que também só frequentaram escolas públicas.
A decisão ocorreu nesta segunda-feira (31) após seis horas de reunião do Conselho de Ensino e Pesquisa da UFMT, no campus de Cuiabá. Fazem parte do Conselho representantes da UFMT, do Diretório Central de Estudantes, das associações de docentes e dos técnicos da instituição, além de todos os chefes de departamentos.
Antes da decisão, havia uma cota de 20% das vagas destinadas aos negros. Agora, dentro da mesma cota de 20%, podem participar somente negros oriundos de escolas públicas.
Na avaliação da reitora da UFMT, Maria Lúcia Cavalli Neder, a decisão aumenta a participação e fortifica as chances dos estudantes de escolas públicas. “A maioria dos estudantes do ensino privado são de classe média alta e podem ter acesso a vários cursos preparatórios, estudar em escolas de línguas, enfim, têm mais chances que aqueles das escolas públicas. Com essa decisão, a concorrência continua acirrada, mas agora igualitária”, afirma a reitora.
Na opinião da pró-reitora de Ensino e Graduação, Mirian Teresa de Moura Serra, estudantes negros de escolas públicas têm três opções para escolher: a universal (em que concorrem com todos os inscritos), a parcial de 50%, destinada ao ensino público, e ainda nos 20% reservados aos negros.
Estudantes comemoram
Para a estudante do curso de serviço social e presidente da União da Juventude Socialista em Mato Grosso, Ana Flávia, a decisão do Conselho é uma vitória perseguida há 15 anos. “Essa mudança no critério de cotas foi aprovada na Conferência Nacional de Educação que ocorreu em 2008 em Brasília. Antes [da decisão do conselho] a concorrência era perversa. Agora a gente vê que um sonho se concretizou.”
Para o estudante do ensino médio, Vitor Hugo Silva, que frequenta o 3º ano na escola Liceu Cuiabano, a decisão da UFMT foi recebida de forma positiva pela categoria. Vitor Hugo é representante da União Brasileira de Estudantes Secundaristas (Ubes) em Mato Grosso.
O aluno vê a medida da UFMT como paliativa, mas que resolve, por enquanto, a concorrência acirrada entre estudantes de escolas públicas com as das particulares.
Números
Atualmente os cursos mais concorridos da universidade são medicina, com cem concorrentes por vaga; direito (matutino e noturno) com 90 vagas, sendo 50 para cada uma; e engenharia civil, com 52 vagas –25 concorrentes por vaga.
A Universidade Federal de Mato Grosso foi fundada em 10 de novembro de 1970. Atualmente estão matriculados 22 mil estudantes em ensinos presenciais e à distância, distribuídos em cerca de 60 cursos. Há em atividade quatro campi em Mato Grosso: Cuiabá, Rondonópolis, Sinop e Barra do Garças.
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