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Como as plantas vão ganhando a terra

Página 3 Pedagogia & Comunicação

São Paulo

26/09/2011 09h00Atualizada em 16/03/2012 01h15

Chegamos à metade de nosso roteiro de estudos, em número de semanas, e ao mesmo tempo nos aproximamos dos vestibulares. Não há mais conteúdos fáceis e o negócio é seguir firme nos estudos.

A independência da água para o processo de reprodução será o fio condutor no estudo da evolução das plantas e suas adaptações ao ambiente terrestre, tema de Biologia desta semana. É com este referencial que entram as características gerais dos grupos menos complexos aos mais evoluídos: briófitas, pteridófitas, gimnospermas e angiospermas.

As primeiras plantas a conquistarem o ambiente terrestre foram as briófitas, mas nelas estão ausentes os vasos condutores de seiva. As primeiras a apresentarem vasos são as pteridófitas. A presença de sementes só ocorre em gimnospermas e angiospermas. O sucesso das angiospermas é a possibilidade de se reproduzirem sem a água, fato que permitiu a elas conquistarem o ambiente terrestre com sucesso, inclusive locais áridos como deserto e cerrado.

No grupo das angiospermas, os vestibulares cobram também a organização morfológica básica, crescimento e desenvolvimento, nutrição e transporte, além da reprodução de tais plantas. Gráficos e esquemas podem aparecer em perguntas sobre a condução da seiva bruta no movimento ascendente, que permite a elevação da água das raízes para o restante das angiospermas, ou sobre a condução da seiva elaborada, da folha até a raiz, pelo movimento descendente. Como sabemos, isso ocorre por diferença na concentração de solução, a osmose [assunto já estudado em Química].

A condução da seiva elaborada ocorre em canais mais periféricos e danos à camada superficial de uma árvore podem matá-la. Precisamos ter em mente estas informações, pois elas podem ser aludidas em questões ambientais eventualmente presentes nos vestibulares e no Enem.

 

Natureza e o homem

Do estudo detalhista da botânica, passamos à visão mais ampla proporcionada pela Geografia. Neste roteiro, o enfoque será a análise global sobre os grandes centros econômicos e sua organização territorial, além dos processos de industrialização e o desenvolvimento desigual dos países.

Com relação à organização territorial, é comum as provas pedirem para identificar as áreas reconhecidamente mais importantes para a economia mundial. Um exemplo seria uma imagem com as principais concentrações industriais – nordeste dos EUA, sudeste do Japão, áreas na Alemanha e França – e a solicitação para que o candidato apresente as principais atividades desenvolvidas ali. Ou perguntas sobre áreas agrícolas específicas, como planícies centrais dos EUA e França, muitas vezes relacionando condições naturais de solo e relevo.

Ainda sobre a identificação dos principais centros econômicos, os vestibulares estão passando a perguntar sobre os mercados emergentes, os chamados BRICs – Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul. Vale a pena se informar como esses países se tornaram relevantes.

 

Relações entre o passado e o presente

A atual posição do Brasil no cenário geopolítico internacional – almejando a liderança regional e procurando se inserir entre os líderes globais – não pode ser destacada de sua história. Foi durante o Segundo Reinado, tema de História do Brasil desta semana, que ocorreu o grande evento relacionado à política externa do País, a Guerra do Paraguai. Questões envolvendo relações entre o passado e o presente são apostas para as provas. Um dos debates sobre o episódio é a tentativa brasileira de ter acesso à bacia do Rio da Prata e ao interior do território nacional, além do significado da região para Paraguai e Argentina.

Do Segundo Reinado, o destaque na política interna vai para o parlamentarismo às avessas ocorrido no País. Isso porque o poder de D. Pedro II era proporcionalmente maior que o poder que a rainha Vitória tinha na Inglaterra, na mesma época, de onde o modelo de monarquia parlamentar foi importado.

O Brasil torna-se referência econômica como exportador de café e a cafeicultura gera divisas para a expansão da urbanização. O País depende, entretanto, do cenário externo, está na periferia do capitalismo e há muita concentração de riquezas. Questões sobre o desenvolvimento ao longo dos anos, questão agrária e o escravismo podem relacionar o período estudado, em conexão com outras épocas e em perspectiva interdisciplinar.

 

Homem, natureza e energia

Do tópico de transformações químicas e energia elétrica, de Química, os temas mais exigidos pelos vestibulares são pilhas e eletrólise e, seguindo a tendência de contextualizar as perguntas e usar a interdisciplinaridade, as questões acabam sendo indiretas sobre o funcionamento das pilhas e a eletrólise.

Como um dos dois temas sempre estará presente nos grandes vestibulares, em pelo menos uma das fases, é importante conhecer os conceitos básicos, como o potencial padrão de redução. E os cálculos aparecem mais no tópico de eletrólise quantitativa.

 

Balanceando

Para intercalar um pouco a carga de disciplinas repletas de cálculos que virão a seguir, damos uma guinada brusca, estudando as orações subordinadas adverbiais, em Português.

Os vestibulares mais importantes não costumam nomear essas orações. O que tem sido pedido nas provas é o reconhecimento das circunstâncias que tais orações oferecem ao contexto, dentro de um texto ou trecho apresentado.

Voltamos ao campo das exatas, com a interpretação cinética da temperatura e escala absoluta de temperatura, em Física. O tema costuma aparecer de forma indireta nos vestibulares, em questões envolvendo temperatura. O assunto foi iniciado na semana passada e terá continuidade na próxima. A sugestão é resolver exercícios para treinar a conversão de uma escala para outra.

Aproveitando o ritmo de treino e resolução de exercícios, continuamos com a disciplina de cálculos por excelência: a Matematica. Seguimos no tema iniciado na última semana, agora com foco em semelhança de triângulos. Geometria plana é de longe o que mais cai nas provas de Matemática dos principais vestibulares. Numa questão deste tipo, enxergar dois triângulos semelhantes dentro de uma figura é básico para conseguir resolvê-la.

Mas é preciso cuidado com os erros costumeiros. É frequente se confundir com os lados proporcionais, quando os dois triângulos aparecem posicionados de maneira diferente. Para serem semelhantes, os ângulos devem ter a mesma medida, então identificar os ângulos, dando nomes iguais para ângulos iguais é essencial. A partir desse ponto, basta relacionar os lados compreendidos entre os mesmos ângulos, nos dois triângulos.

 

Ler e interpretar

Atenção à leitura para dar conta das próximas disciplinas, baseadas nesta capacidade e exigida por todos os grandes vestibulares e o Enem. Em Literatura, continuamos no Realismo brasileiro, já que a semana passada foi toda dedicada a Dom Casmurro, de Machado de Assis, pelo fato de estar na lista obrigatória da Fuvest e Unicamp.

Além do clássico, outros livros importantes do autor fazem parte dos programas, como Memórias Póstumas de Brás Cubas, Quincas Borba, Papéis avulsos, Histórias sem data, Esaú e Jacó e Memorial de Aires.

Não devemos esquecer que toda obra realista apresenta a questão de crítica social. Trata-se de uma arte engajada que busca a transformação da sociedade. Esta característica geralmente tem como pano de fundo a disseminação de ideias positivistas, o evolucionismo de Darwin e até o materialismo científico, do final do século XIX.

Tal como Eça de Queiroz, representante do Realismo em Portugal que faz a crítica a sua sociedade, encontramos no Brasil Machado de Assis e Raul Pompéia. Mas é bom lembrar que Machado, ao contrário de Eça, que era burguês, era um mulato em sociedade escravocrata, daí sua ironia mais elaborada na construção do discurso.

Em O Ateneu, Raul Pompéia apresenta os terrões da vida no internato, descrevendo a vida no colégio como uma microssociedade, que reflete o contexto mais amplo. Os livros realistas, em geral, são considerados ‘pesados’, mas o que Raul Pompéia consegue com esta obra é um questionamento da sociedade brasileira de sua época e um belo exercício de literatura.

 

E veio Napoleão

O que aconteceu na Europa posteriormente à Revolução Francesa – ascensão de Napoleão, o Congresso de Viena e a Restauração – compõe um tema de História geral que não aparece diretamente nos vestibulares há algum tempo.

Mas tem se intensificado a cobrança por História da América e não é demais lembrar que a independência de Paraguai e Venezuela ocorreu justamente no período napoleônico, como consequência das disputas entre França e Inglaterra, que acabaram sobrando para Espanha e Portugal. Para o Brasil, o impacto veio com a mudança da Família Real portuguesa para a então Colônia, como já estudamos.

Um ponto específico a assinalar é a postura ambígua assumida por Napoleão. Tomou o poder com um golpe e acabou com a Revolução Francesa, mas incorporou os ideais da revolução no código civil, que foi difundindo para os países conquistados. Deste fato, podemos entender como o modelo de sociedade ocidental predominante atualmente é derivado, em parte, das discussões políticas e ideológicas da revolução.