Curso mais concorrido do Sisu, medicina da UFSJ preenche vagas somente na lista de espera

Suellen Smosinski
Em São Paulo
Arquivo Pessoal
Filipe Caleb, 19, foi aprovado na primeira chamada do Sisu para o curso de medicina da UFSJ. As outras duas vagas foram preenchidas por candidatos da lista de espera

O curso de medicina da UFSJ (Universidade Federal de São João Del-Rei), em Minas Gerais, foi o mais concorrido da última edição do Sisu (Sistema de Seleção Unificada), mas só preencheu todas as vagas após a lista de espera. A concorrência era de 900 candidatos para cada uma das três vagas ofertadas.

Dos três estudantes convocados na primeira chamada, apenas um efetuou a matrícula: Filipe Caleb, 19. "Quando fiz minha inscrição, eu não tinha esperança de passar. No decorrer dos dias eu fui acompanhando e via que estava em 1º lugar. Fiquei mais confiante e muito feliz quando fui aprovado", contou. Ele sempre estudou em escola pública e não frequentou curso pré-vestibular.

  • Pedro Parreiras, 19, era o 1º colocado da lista de espera

  • Eduardo Lessa, 24, foi aprovado como 2º colocado da lista

Como os dois candidatos convocados para matrícula em segunda chamada não compareceram, as vagas de medicina foram para a disputa dos estudantes que manifestaram interesse na lista de espera do Sisu. Nesta etapa, os dois candidatos com melhor desempenho efetivaram a matrícula assim que foram chamados.

"Tentei vários vestibulares no início do ano, mas não tinha conseguido passar em nenhum. Foi uma surpresa ser chamado. Não esperava passar,  pois a concorrência estava muito alta. Já estava até fazendo outros vestibulares. Tinha feito a primeira fase da Uerj (Universidade Estadual do Rio de Janeiro) e fui bem, estava estudando para a segunda fase. Foi uma surpresa muito positiva", contou Eduardo Lessa, 24, o segundo colocado da lista de espera.

O outro ingressante no curso mais concorriodo do Sisu é Pedro Parreiras, 19. Ele foi o primeiro candidato da lista de espera e afirma que estava confiante na aprovação. "Eu vi que a pessoa que se matriculou no início do ano tinha a nota do Enem menor que a minha, mas eu perdi a data e não pude me inscrever. Achava que tinha mais oportunidade de ser aprovado na UFSJ, era o mais próximo da minha cidade e eu queria muito estudar lá", disse o estudante da cidade mineira de Itaúna.

Parreiras estudou em escola particular e fez curso preparatório para o vestibular. "O cursinho foi muito importante para a prova do Enem, porque é uma prova difícil. A maioria das aulas era voltada para o exame, pois quase todas as universidades já estão usando a nota do Enem", afirmou.

Lista de espera

Para José Trindade, chefe do setor de processos seletivos da UFSJ, o que aconteceu com as vagas de medicina é comum no Sisu. "A demora para preencher as vagas acontece não só aqui, como em todas as universidades. O candidato às vezes está muito longe e na hora da matrícula desiste e acaba optando por opções mais perto", disse Trindade. Segundo ele, "a concorrência é grande, por que pega gente do Brasil inteiro e esses candidatos podem ter conseguido vagas em universidades mais próximas".

Lessa acredita que muitas pessoas se inscreveram no Sisu só para falar que passaram em uma universidade federal: "Acho que muitos candidatos até já estudam em outras instituições". O estudante é da cidade mineira de Juiz de Fora e pretende morar perto do campus, em Divinópolis. "Estou me preparando para sair de casa, conhecer gente nova. Tudo vai ser novo agora, mas a expectativa é boa".

Medicina ou direito?

E o único vestibulando que fez a matrícula na primeira chamada conta que medicina não era sua primeira opção: "Pensava em fazer direito, mas queria colocar no Sisu um curso da minha cidade [Divinópolis] e o único que tinha era medicina. Eu passei e foi alegria demais", afirmou Caleb.

O estudante garante que não foi só a proximidade de casa que o fez efetivar a matrícula. "Já peguei uns livros sobre o curso, fui em alguns médicos para ver como é a profissão, procurei o IML [Instituto Médico Legal] da cidade para dar uma olhada. Agora estou certo que é isso mesmo que eu quero. Fiz essas pesquisas porque é meu futuro que está em jogo, então é complicado", disse.