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24/04/2005 Crise no Equador Presidente é deposto e ganha asilo político no Brasil Da Folha de S.Paulo
Brasília concedeu asilo a Lucio Gutiérrez, que, após a destituição, se refugiou na residência da embaixada brasileira em Quito, aguardando garantias para se locomover até o aeroporto e embarcar para Brasília. Ele chegou ao Brasil no dia 21 de abril a bordo de um avião da FAB (Força Aérea Brasileira). Logo após a destituição, a procuradora-geral do Equador, Cyntia Viteri, havia ordenado a prisão de Gutiérrez, por ter ordenado à polícia reprimir as manifestações dos últimos dias, que levaram à morte de duas pessoas. Uma sessão extraordinária do Congresso unicameral do Equador demorou menos de uma hora para destituir o presidente por 60 votos a favor. Estavam presentes 62 parlamentares, de um total de cem - os ausentes eram governistas. O deputado Ramiro Rivera, que propôs a moção, disse que o Congresso considerou o não cumprimento das responsabilidades de presidente por Gutiérrez como abandono do cargo, conforme cláusula constitucional. A medida evita um processo de impeachment e é similar à que foi usada para destituir o ex-presidente Abdalá Bucaram, em 1997, por "incapacidade mental". As Forças Armadas, consideradas o fiel da balança no país, acataram imediatamente a decisão do Congresso e retiraram seu apoio ao presidente destituído. No dia 15 de abril, Gutiérrez havia dissolvido a Suprema Corte para tentar reduzir os protestos contra o seu governo, que nomeou aliados para cargos de juízes em dezembro do ano passado. A sua decisão foi vista como uma violação à Constituição. Manifestações Cerca de 10 mil pessoas comemoraram a saída de Gutiérrez em Quito. De madrugada, a polícia reprimira duramente os manifestantes diante da sede do governo, usando bombas de gás lacrimogêneo. Uma das vítimas morreu atropelada; outra, do coração. A queda do presidente não foi suficiente para apaziguar os quitenhos. Horas depois do anúncio, a multidão começou a caminhar para a sede do Centro Internacional de Estudos Superiores de Comunicação para a América Latina, no norte de Quito, onde se reunia o Congresso extraordinariamente, para exigir também a saída dos parlamentares. "Queremos que os deputados renunciem aos seus cargos e propomos a instalação de uma assembléia nacional popular que reconstitua os organismos de Estado no marco da Constituição", disse o presidente da Associação de Professores da Universidade Salesiana, Patricio Castro. Os manifestantes pedem eleições presidenciais o mais rápido possível. A multidão exigia que Palacio saísse do prédio para escutá-los, o que aconteceu. Gutiérrez é o terceiro presidente forçado a deixar o poder em meio a levantes populares desde 1997, quando Bucaram foi destituído. Em 2000, Gutiérrez participou de operação que culminou na queda do então presidente, Jamil Mahuad. Gutiérrez chegou a ficar meses preso por liderar o golpe. Dois anos mais tarde, foi eleito presidente do Equador com apoio dos indígenas, prometendo mudanças no país, que, há séculos, é dominado por uma elite de origem européia. Porém, perdeu apoio ao transitar para a direita e implementar uma política econômica austera. Entenda a crise Cronologia Raio-X Dados de 2003/2004 Capital: Quito Área: 283.560 km² População: 13,2 milhões PIB: US$ 45,65 bilhões Atividades econômicas: petróleo, processamento de alimentos, têxteis e produtos químicos População abaixo da linha da pobreza: 65% Religião: 95% católicos Línguas: espanhol (oficial), quechua e línguas indígenas Etnias: mestiços (65%), indígenas (25%), brancos (7%) e negros (3%).
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