|
Veja dicas sobre autores e movimentos literários Por Ivian Lena Destra Do Cursinho da Poli Nasceu em 1901, Itabira do Mato Dentro, interior de Minas Gerais, e morreu em 1987, no Rio de Janeiro. A infância de Drummond marca a sua poética - uma infância passada no interior de Minas, numa cidade pequena, em uma família extremamente conservadora. O livro que está na lista da Fuvest é Alguma Poesia, publicado em 1930, o primeiro de Drummond. O livro se insere no segundo tempo modernista, tempo de moderação e de consagração dos poetas modernistas. Apresenta duas temáticas importantes: o "gauche", a ideia do esquerdo, daquele que não é direito à realidade, que está desencontrado, que está desconcertado - o eu e o mundo estão desconcertados; e a blague, a risada, a gargalhada - uma temática dos modernistas, de rir diante da realidade do mundo, de rir de si próprio diante do mundo. O poema que abre Alguma Poesia é o "Poema de Sete Faces". São sete tons em sete estrofes. A primeira, muito famosa: Quando nasci, um anjo torto desses que vivem na sombra disse: Vai, Carlos! ser gauche na vida. Essa ideia de Carlos ser gauche na vida, seria a ideia de ser poeta? A ideia de ser lírico no mundo onde não há mais lirismo? E ele termina: Eu não devia te dizer mas essa lua, mas esse conhaque botam a gente comovido como o Diabo. Esse jeito mineiro de terminar o poema, de dar uma cambalhota, como ele mesmo diz, é a ideia de brincar com o poema, de brincar com si mesmo, com os seus próprios sonhos, brincar com o leitor! É a blague - uma grande temática da poesia modernista. Século 16, apogeu da literatura, da cultura, do político e do social em Portugal. Época do Renascimento, que veio da Itália, do século 14, e que chegou a Portugal no século 16; publicação de Os Lusíadas, a épica de Camões, e também da Lírica, que foi publicada postumamente, portanto não foi revisada pelo autor. A Lírica, os sonetos, é o que cai de Camões no vestibular. Três temáticas importantes: - o desconcerto do mundo, esse mundo que está errado; - o EU de Camões que não se adapta ao mundo, à mudança, ao mudar constante das estações, das pessoas, das situações diante do mundo, e esse EU que procura se adequar a essa grande mudança; - o maior dos temas e o mais trabalhado por Camões é o amor, procurando sempre, nos sonetos, atingir uma reflexão sublime sobre a ideia que ele está abordando. Importantíssima no amor de Camões é a reflexão que ele faz diante desse amor platônico, que é a moda da época do renascimento. O amor platônico é ver a ideia do mundo representada no amor espiritual. O amor está somente na ideia. Mas ele transgride essa regra, ele vai além do amor platônico. Ele também vê que o amor é aristotélico, o amor não é só ideia, o amor é forma, o amor é concretização. Por isso ele atinge o maneirismo e vai conseguir, através da reflexão, ser paradoxal e ser muito grandioso. Aí está o poema mais famoso dele: Amor é um fogo que arde sem se ver é ferida que dói e não se sente é um contentamento descontente é dor que desatina sem doer. Essa tentativa de classificação do amor mostra o EU paradoxal, e a visão do mundo através dessa forma e do desejo. João da Cruz e Souza nasceu em Santa Catarina, em 1861 e morreu em Minas Gerais em 1898; portanto, centenário da morte de Cruz e Souza este ano. Pai escravo, mãe alforriada! Teve uma vida marcada pelo preconceito racial. Trabalhou em jornal de orientação republicana e abolicionista. Ele abre o simbolismo brasileiro em 1893, com a publicação de Broquéis e Missal. O simbolismo foi um movimento essencialmente poético, que não teve grande divulgação aqui no Brasil, e que trouxe para nós o subjetivismo romântico do poeta decadente, se contrapondo ao positivismo, ao cientificismo do realismo/naturalismo em voga até então. O simbolismo veio se contrapor à ciência poética do parnasianismo, à ciência de fazer poesia - à arte pela arte. Veio com as ideias de invocar etéreas musas, da brancura mística, da sinestesia do poeta francês Charles Baudelaire. Cruz e Souza tem uma característica: a fixação pelo branco. Os três elementos mais importantes de sua poesia são o individualismo, o transcendentalismo e a musicalidade. O poema mais importante de Cruz e Souza é "Antífona", que traz a ideia do branco, as formas alvas, brancas! Nele, essa fixação pelo branco de Cruz e Souza fica bem evidente. O romantismo tem três gerações; desenvolveu-se na época das revoluções do século 18, dos ideais revolucionários, das grandes mudanças sociais, do liberalismo - que vai trazer para a literatura o grande sentimentalismo e a ideia de nacionalismo, manifestando-se sob a forma de poesia, romance, teatro e jornalismo. Três gerações, três poetas que nós vamos rever aqui. - Primeira geração: a exaltação do passado, do nacionalismo, na geração nativista ou indianista. É também a volta do amor trovadoresco, do amor espiritual e da exaltação do índio. O grande poeta da primeira geração é Gonçalves Dias. - Segunda geração: byroniana (do poeta inglês George Byron, 1788-1824); o mal do século é o tédio que leva à aspiração da morte, o desejo da morte como salvação. São ideias presentes na obra de Álvares de Azevedo. - Terceira geração: condoreirista, de crítica social baseada em Victor Hugo (escritor francês, 1802-1885). O grande poeta é Castro Alves, que traz a ideia do abolicionismo, é o poeta dos escravos. Os poemas de Castro Alves exigidos pela Fuvest estão no Espumas Flutuantes, um livro que tem influências da segunda e da terceira geração. O poeta é influenciado por Álvares de Azevedo e por Fagundes Varela, e também por alguns poemas críticos da sociedade da época. Não são poemas do escravismo! Os poemas do escravismo estavam em outro livro, que Castro Alves não conseguiu publicar em vida! A diferença entre Castro Alves e Álvares de Azevedo? Álvares de Azevedo busca a morte como salvação: Se eu morresse amanhã Oh, que alívio seria. Para Castro Alves, morrer é a ideia do inevitável porque ele está doente, está morrendo, e infelizmente ele ainda quer viver. São dez os livros exigidos. Livros interessantíssimos como Sonetos de Camões; Espumas Flutuantes, Castro Alves; O Primo Basílio, de Eça de Queirós; Memórias Póstumas de Brás Cubas, de Machado de Assis; Alguma Poesia, do Drummond; Fogo Morto, de José Lins do Rego; Contos Novos, do Mário de Andrade; Morte e Vida Severina, de João Cabral de Melo Neto; Primeiras Estórias, de João Guimarães Rosa; e Os Melhores Contos, de Rubem Braga. Os livros não são para serem lidos apenas como historinhas que você deve saber. Não cai só enredo no vestibular, mas também a interpretação crítica dos trechos e do texto. As perguntas também incidem sobre como o poeta escreveu e você tem que explicar o uso de certos termos gramaticais. Então a leitura não é só historinha, não! É a crítica, é não ser ingênuo perante a idéia do texto. Vamos lembrar aqui só João Cabral de Melo Neto, que pertence à geração de 45, o terceiro tempo modernista. É uma geração que vai aliviar o poema do sentimentalismo, classificada como "a geração com senso de medida". Morte e Vida Severina conta a história de um percurso feito por Severino, que sai da morte para alcançar a vida, mas essa vida é presidida pela morte. Aparece aí a coisificação injusta do homem, que João Cabral de Melo Neto está relatando para nós, leitores. Leiam o livro - é fácil de ler, muito interessante, e vai acrescentar muito à vida de vocês. Uma boa sorte e boa prova! |
|