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Resposta completa é fundamental nas provas
Paulo César Bacelar Pinheiro*
Especial para a Folha
A 2ª fase dos vestibulares da Fuvest e da Unicamp é a hora de redobrar a atenção e manter o pique de estudos, a fim de estar com tudo na ponta da língua - como diria qualquer avó que se preze.

É bom lembrar que a concorrência quantitativa ficou para trás, ela agora é qualitativa.

A preparação para a próxima etapa envolve, além do estudo da gramática normativa, estar constantemente refrescando a memória para alguns mandamentos mais típicos de provas de redação.

Parece estranho, mas ajuda mesmo! Tome-se como pressuposto o fato de que todas as questões da prova de português da 2ª fase são discursivas e geradas a partir de textos ou fragmentos de textos.

Assim, qualquer esforço de resposta terá de passar pela etapa da boa e significativa leitura tanto dos fragmentos quanto dos enunciados propostos e pela produção de texto.

O grau de compreensão advindo dessa leitura é que vai determinar as chances da produção de uma resposta mais - ou menos - pertinente.

O candidato vai ter que mostrar sua habilidade de compreender as ideias e de manusear adequadamente as informações que os textos apresentam. Deverá saber entrelaçar corretamente todas essas informações com o enunciado da questão.

Apenas após todo esse processo é que se estará apto para organizar uma resposta.

Neste ponto, entra em jogo aquelas dicas preciosas para as provas de redação. A adequação ao tema proposto, que é fundamental, traveste-se em adequação ao comando da questão, sem deixar de considerar os textos correspondentes, é óbvio!

A coesão e a coerência atuam como personagens principais. Já que na 2ª fase da Fuvest cada resposta é, na verdade, uma produção de texto, esses elementos são os que vão assegurar a sua clareza. O mote citado, o de ser cada resposta uma produção de texto, é útil para lembrar a fórmula definitiva que conduz à tão almejada clareza.

É possível ser coerente e ter um texto coeso dando uma resposta completa, com sujeito claro e escrito na oração, iniciando-a devidamente, construindo frases inteiras. Nunca perca de mira que se fazer comunicar é o objetivo primeiro.

Não comece sua resposta com conectivo; como o próprio nome diz, é uma partícula de conexão entre dois elementos. Desse modo, iniciar um texto com conectivo é o mesmo que iniciar algo pelo meio.

Evite também começar com verbos que não se refiram a um sujeito determinado e escrito. Se sua resposta só fizer sentido se confrontada com a questão é porque ela está formalmente mal elaborada. Trate-a como um todo único e independente, ela tem que ser um texto eficaz na transmissão de uma mensagem completa, sem o auxílio de nenhum elemento externo.

Identifique os comandos de cada questão e responda-lhes separadamente. Esse procedimento demonstra compreensão cabal da pergunta e organização de ideias suficientemente objetiva para atender na medida exata ao que foi solicitado.

Caso uma pergunta da prova apresente comandos como, por exemplo, "citar", "explicar" e "exemplificar", sua resposta só estará plenamente certa se os três pedidos forem atendidos.

Utilize o bom senso. Para citar algo, é necessário apresentar a informação concreta pedida. A explicação exige um texto maior, que deve ser elaborado com palavras próprias. De preferência, explique o que for necessário em parágrafo separado do que responde ao comando anterior.

A exemplificação também deve vir em parágrafo próprio e, se envolver transcrição de texto, não esqueça o emprego correto das aspas.
Ah! Explicar é diferente de exemplificar e, tem mais, explicar exemplificando não existe, é papo furado de quem não consegue elaborar um bom parágrafo argumentativo.

Uma resposta de conteúdo incompleto e superficial, contudo bem estruturada, é mais valorizada do que outra com conteúdo adequado, mas confusa na forma.

Não basta apenas dizer o que se quer. No mundo de hoje, mais vale dizer bem e organizadamente o pouco que se sabe do que acertar em cheio uma matéria com a flecha de um discurso caótico.

O ser humano é, sobretudo, um ser de linguagem, mas não a telegráfica e lacônica, e sim a clara, eficiente e expressiva. A resposta completa garante isso!
*Paulo César Bacelar Pinheiro é professor de português do Colégio Agostiniano Mendel
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