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Estratégia ajuda na prova de testes
Paulo César Bacelar Pinheiro*
Especial para a Folha
Ainda que este espaço seja destinado à língua portuguesa, vale a pena extrapolar esse âmbito quando o motivo é de interesse do vestibulando.
A 1ª fase da Fuvest traz seus desafios em questões do tipo teste.

Para o sucesso, é fundamental estar em dia com os conteúdos pedidos nos programas, entretanto, o estudante também deve lançar mão de outras estratégias que o ajudem nesse momento. Conhecer a natureza da avaliação à qual será submetido é fator de facilitação desse sucesso.

Questões do tipo teste são difíceis de ser elaboradas justamente para que a correção seja uma etapa fácil e rápida. Os testes devem trazer enunciado objetivo e, o principal, apenas uma resposta certa.

Essa resposta deve constar de um contexto que permita ao estudante preparado alcançá-la, mas que também ofereça - a partir das alternativas erradas - o direito universal ao erro.

Explicando: um teste será essencialmente mal formulado se apresentar a alternativa correta em meio a outras completamente absurdas. Assim configurado, ele não estará cumprindo seu desejo de avaliar.

O mesmo vale para aqueles em que todas as opções de resposta são similares ou quase certas. Estes induzem ao erro e, por isso, são também itens mal estruturados.

O bom teste é aquele em que também as alternativas erradas são elaboradas a fim de identificar o melhor candidato.

A princípio, além da resposta correta, o teste deve apresentar uma alternativa muito errada, bem distante da esperada; duas outras com grau médio de dificuldade, em que o erro esteja inserido num contexto lógico e sensato.

Finalmente, uma alternativa muito próxima da correta, aquela que vai diferenciar o candidato preparado do mais bem preparado - a que vai apontar quem domina cabalmente o conteúdo pedido.

Conhecendo o teste, o vestibulando pode responder à sua prova trabalhando com a eliminação. Ele deve procurar identificar e eliminar as alternativas das quais tem consciência da incorreção. Desse modo, percentualmente, aumentam as chances de acertos, pois o universo de probabilidades diminui.

Não sabendo absolutamente nada da matéria pedida, trabalha-se com cinco opções de resposta, o que significa 20% de possibilidade de acerto. Sabendo pouco, mas o suficiente para eliminar a alternativa muito errada, as chances de sucesso aumentam para 25%.

O conhecimento parcial da matéria às vezes é suficiente para eliminar mais duas alternativas - aquelas que são erradas, mas estão dentro da lógica.

Três alternativas eliminadas, probabilidade de acerto de 50%. Neste momento, ocorre o confronto entre o certo e o quase certo. Todo cuidado é pouco! Entra em campo o conhecimento do qual ninguém pode abrir mão.
O fato é que, ao eliminar as alternativas seguramente falsas, por consequência, o candidato está também trazendo à luz a resposta correta.

Tome-se o exemplo da questão 20 da Fuvest 1999, que pede as formas corretas para "abris" e "fazei", utilizadas na 2ª pessoa do plural num contexto apresentado na prova, se empregadas na 2ª pessoa do singular.

O vestibulando capaz apenas de identificar o emprego do presente do indicativo e do imperativo afirmativo, respectivamente, já está apto a eliminar a alternativa "b", que apresenta as formas "abras" e "faças", ambas no modo subjuntivo.

O candidato capaz de conjugar o presente do indicativo, chega à forma "tu abres". Assim, pode eliminar também as alternativas "a" ("abre" e "faz") e "d" ("abre" e "faça"). Em ambas o primeiro verbo está na 3ª pessoa do singular.

O candidato que, além dos conhecimentos já citados, é capaz de conjugar o imperativo afirmativo chega facilmente à resposta. A opção "e" ("abres" e "fazes") deve ser eliminada, o segundo verbo está na 2ª pessoa do singular, só que do presente do indicativo. Resta a alternativa "c", a correta, com as formas "abres" e "faze".

Saber pouco é melhor que não saber nada. O conhecimento parcial pode não levar à resposta correta, mas aponta o caminho. O que já é de grande valia. Lembrete final: esse procedimento é indicado em especial paras as provas de línguas e de ciências humanas.
*Paulo César Bacelar Pinheiro é professor de português do Colégio Agostiniano Mendel
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