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Vozes verbais são recorrentes nos vestibulares
Thaís Nicoleti de Camargo*
Especial para a Folha de S. Paulo
As questões relativas às vozes verbais são bastante frequentes nos vestibulares. Geralmente o examinador pede ao candidato que faça transformações da voz ativa em passiva e vice-versa.

Voz verbal é uma categoria gramatical que indica a relação entre o sujeito, o verbo e o objeto da oração. O sujeito pode praticar ou sofrer a ação expressa pelo verbo. Se a pratica, a voz é ativa; se a sofre, a voz é passiva.

Na imprensa, existe certa predileção pelo uso da passiva, pois essa construção permite privilegiar a ação, não seu autor. Numa frase como: "Foram encontrados mais dois corpos sob os escombros", pouco importa o agente da ação, ou seja, quem encontrou os corpos - é o fato em si que sobressai.

Em certa prova da Fuvest, transcrevia-se trecho de Memórias Póstumas de Brás Cubas, de Machado de Assis, e pedia-se ao aluno que passasse os verbos para a voz passiva. O fragmento traz uma lembrança da infância do narrador, quando fazia suas traquinagens à vontade e dificilmente era admoestado por seu pai: "...e se às vezes me repreendia, à vista de gente, fazia-o por simples formalidade...". Os verbos estão na voz ativa, pois, em ambos os casos, o sujeito (elíptico) é que pratica a ação.

Na voz passiva, o objeto direto da ativa assume a função de sujeito. O objeto direto de "repreendia" é o pronome pessoal do caso oblíquo átono "me". Ao transformá-lo em sujeito, ele passa para o caso reto (eu). Ao verbo se acrescenta um auxiliar - normalmente o verbo ser - no mesmo tempo e modo do verbo da oração dada.

O segundo verbo, chamado verbo vicário, substitui o anterior, evitando uma repetição. Tem como objeto direto um pronome demonstrativo, não um pronome pessoal. A forma "o" equivale a isso. "Fazia-o" quer dizer, no contexto, "repreendia-me à vista de gente". Assim, na passiva, ao tornar-se sujeito, o pronome "o" não se converte em "ele" (caso reto), mas em "isso" (demonstrativo). Então teremos: "...e se às vezes eu era repreendido à vista de gente, isso era feito por simples formalidade".
*Thaís Nicoleti de Camargo é consultora de língua portuguesa da Folha
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