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Muçulmanos e cristãos travam guerra no século 9º
Flavio de Campos*
Especial para a Folha de S.Paulo
No século 9º, pertenciam aos domínios muçulmanos o noroeste da Índia, o norte da África, a Palestina, diversas ilhas mediterrâneas e a maior parte da península Ibérica.

A conquista das terras ibéricas obrigou os cristãos a submeterem-se ao Islão ou a se refugiarem no norte da península, onde constituíram-se pequenos reinos independentes, que depois viriam a formar Portugal e Espanha.

Apesar das diferenças étnico-culturais e das disputas de terras, o combate aos muçulmanos tornou-se o principal fator de alianças entre os cristãos ibéricos. Em nome da mesma fé, construíram sua identidade cultural e política.

Em meados do século 9º, os cristãos ganharam um valioso reforço. Em Compostela (de compostum, cemitério), foram descobertos restos mortais identificados como sendo do apóstolo Tiago. Fiel seguidor de Jesus, Tiago teria sido decapitado em Jerusalém, e seu corpo, milagrosamente levado para a península.

Na verdade, a mística da região ligava-se a tradições bem mais antigas. Compostela situava-se no extremo oeste da Europa, no Ocidente, onde o sol se põe, lugar simbólico da morte. Ali situavam-se cemitérios romanos e suevos. À frente, o Atlântico, o mar Tenebroso, que se supunha habitado por seres monstruosos.

A descoberta teve notável repercussão em toda a cristandade. Santiago de Compostela, como o local passou a ser chamado, atraiu peregrinos de toda a Europa. A proximidade dos domínios muçulmanos aumentava os riscos e a importância das peregrinações. A partir do século 11, cavaleiros cristãos dirigiam-se para lá, ampliando as forças militares contra os "infiéis". Uma guerra santa era travada em solo ibérico.

No caminho até Santiago, outras localidades receberam novo impulso econômico. O comércio e os serviços ampliaram-se para atender aos peregrinos. A população cristã cresceu, fixando-se em áreas até então desocupadas.

Aproveitando-se desse reforço populacional e espiritual, os reinos cristãos acentuaram sua ofensiva contra os domínios muçulmanos. Em 1492, concluía-se a conquista da península, com a incorporação de Granada.

A reconquista representou, para os ibéricos, uma primeira expansão feudal. Caracterizou-se pela incorporação de novas terras, pelo crescimento demográfico, pelo desenvolvimento das cidades, das atividades mercantis e pela expansão cristã. No entanto 1492 não se encerra em Granada. Meses depois, em outubro, Colombo daria continuidade à conquista material e espiritual. Do outro lado do Atlântico.
Flavio de Campos é autor de "Oficina de História", da Editora Moderna, professor de história do colégio Móbile e coordenador da Cia. de Ética
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