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Colonizadores espanhóis acabam com Império Asteca
Renan Garcia Miranda*
Especial para a Folha de S.Paulo
Para os mexicas, que erroneamente chamamos de astecas, termo que designa apenas seus ancestrais distantes, a religião desempenhava papel central nas relações entre o Estado e a sociedade.

A guerra era sagrada, pois por meio dela se obtinham escravos para o sacrifício humano, elemento central na ligação entre a comunidade e o Estado.

Quando os espanhóis invadiram a América, os mexicas reinavam sobre um império aberto a dois oceanos, controlando as rotas da América Central.

Sustentado por um exército de elite, o império, a partir de sua capital, México-Tenochtitlán, afirmava sua superioridade sobre 20 milhões de súditos.

Em 1519, o vale do México, com cerca de 5 milhões de habitantes, era a maior concentração urbana do mundo. Hernán Cortés, conquistador espanhol, dominaria esse império com 600 soldados, 16 cavalos, 10 canhões e 13 arcabuzes.

Em 1539, 20 anos após o início do domínio espanhol, México-Tenochtitlán tornou-se um conjunto de ruínas e obras espanholas: um mosaico de capelas e conventos, bairros indígenas e palácios mexicas, estes transformados em casa dos conquistadores.

A análise histórica dessas civilizações ordenou excessivamente o desenvolvimento dos fatos, dando-lhes feições europeizadas.

É bastante comum encontrarmos nos livros referências às semelhanças entre elas e as civilizações do Egito antigo, modelo com que os europeus tinham mais familiaridade. Porque era isso que eles pretendiam: construir na América uma cópia da sociedade européia, submetendo culturas locais.

Era a ocidentalização do mundo, a difusão do modo de pensar europeu.

No ano passado, foram encontradas na cordilheira dos Andes, crianças incas mumificadas.

Elas chamavam a atenção para os sacrifícios humanos praticados entre os incas. Os corpos estavam em tumbas, rodeados de objetos e com marcas de pancadas leves no crânio.

O arqueólogo norte-americano Johan Reinhard, que encontrou as múmias, falando a respeito das dificuldades de analisar o material, afirmou à revista "Superinteressante": " Tudo o que temos, por ora, são relatos dos colonizadores espanhóis, que não são confiáveis".

As concepções de tempo desses povos eram diferentes das nossas. Desprovidos de uma escrita comparável à européia, eles deixaram somente vestígios de pouca utilidade para compreendê-los.

A cultura dos incas, por exemplo, desintegrou-se tão rapidamente após o domínio espanhol que hoje é extremamente difícil sua reconstituição histórica. Quase tudo que sabemos desses povos pré-hispânicos vem de documentos de conquistadores europeus.

Os historiadores Carmen Bernard e Serge Gruzinski formulam a seguinte questão: "Como penetrar nesse "outro mundo" sem reduzi-lo demais à nossa forma de perceber os seres e as coisas?"
*Renan Garcia Miranda é autor de "Oficina de História", da Editora Moderna, e professor de história do curso Anglo Vestibulares
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