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Arte tentam prever o futuro da humanidade
Flávio de Campos*
Especial para a Folha
"All that jazz." O show não pode parar para a indústria norte-americana. O espetáculo deve deixar o mundo embasbacado. No cinema, na política, na TV, na ciência ou na guerra, o que conta é a tecnologia, como efeitos especiais, capaz de seduzir parte dos mais miseráveis, que sonham integrar-se ao maravilhoso mundo das compras.

A literatura e o cinema cristalizaram os nossos temores em relação ao futuro. Aldous Huxley descreveu, em "Admirável Mundo Novo" (1932), uma sociedade homogênea, composta por pessoas despersonalizadas.

George Orwell temera que a vida dos cidadãos fosse controlada pela ação de um Estado autoritário no livro "1984" (1949). Fritz Lang anunciou a alienação e a automação do homem-máquina no filme "Metrópolis" (1926).

Charles Chaplin expôs os riscos da miséria e de desumanização em "Tempos Modernos" (1936). Stanley Kubrick apontou a opressão da tecnologia sobre os homens em "2001, uma Odisséia no Espaço" (1968).

Ridley Scott, em "Blade Runner" (1982), apresentou um mundo sombrio, com altíssimo desenvolvimento da engenharia genética, coroada com a produção de andróides.

Larry e Andy Wachowski, em "Matrix" (1999), expuseram as inquietações diante da informática, uma tecnologia capaz de fabricar realidades e desenvolver a extremos as potencialidades humanas e, por isso, imprimir um caráter artificial à vida coletiva.

Há um tom profético nessas obras. De certo modo, o futuro assustador anunciado já está incorporado ao nosso cotidiano.

A alienação está presente na rotina massacrante dos trabalhadores em diferentes setores da indústria. A superficialidade, na programação da TV. A miséria, na primeira esquina.

Mas a consagração das profecias realiza-se em dois campos recentes. Com o desenvolvimento da informática e da biotecnologia, abriu-se a possibilidade de explorar, ao máximo, a informação.

Há um extraordinário desenvolvimento da capacidade de produção com o aperfeiçoamento da comunicação e o armazenamento de dados. A rede mundial de computadores emergiu como o símbolo da globalização.

A vida tornou-se matéria-prima geradora de riqueza. Já foram realizadas bem-sucedidas experiências de clonagem de animais. O mesmo pode ocorrer com seres humanos. O avanço científico deve ter limites morais e éticos? A vida não seria mais sagrada?

Nas manipulações artificiais, busca-se a perfeição, a abundância, a juventude, a eternidade. Como nas concepções medievais acerca do Paraíso terrestre.
*Flavio de Campos é autor de "Oficina de História", Editora Moderna, professor do Colégio Móbile e coordenador da Cia. de Ética
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