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História é o estudo do passado para entender o presente
Geraldo Teruya*
Especial para a Folha de S.Paulo
Muitos alunos ainda identificam história como matéria que se memoriza. Nada mais grotesco ou anacrônico. Essa distorção é, em parte, herança da ditadura militar que impôs um ensino acrítico e não-reflexivo. Os tempos mudaram, mas alguns problemas persistem: a falta de leitura, a mercantilização, a má qualidade do ensino e sua desvinculação da realidade. Isso, é claro, incide sobre o estudo da história.

Mas, afinal, o que é história?

É o estudo do passado para entender o presente, mas de um passado vivo, que está presente em nós. Vejamos, por exemplo, a conferência contra o racismo que se realiza em Durban, na África do Sul. Ela nos remete aos séculos do colonialismo, da escravidão e do tráfico de escravos. Duas visões estão em conflito: a dos países ricos e a dos pobres.

As origens do conflito estão ligadas ao processo de afirmação e de expansão do capitalismo desde o século 15. Nele, os países do norte ficaram cada vez mais ricos e os pobres - cuja situação se agravou com a globalização e as políticas neoliberais - ficaram ainda mais pobres. Estes exigem reparações, pelo que sofreram.

Em nome do progresso e da civilização, os países capitalistas dominaram africanos, asiáticos e latino-americanos, sujeitando-os à miséria, à humilhação e ao preconceito. Daí o conflito: os pobres clamam por justiça e pelo fim do preconceito. A chama reacendeu-se, o passado vive.

A luta dos negros, dos índios, dos ciganos e dos migrantes, vítimas da xenofobia, é mais um sintoma de que a história não pode ser vista de forma única, homogênea, apenas pela óptica dos dominadores. Cada povo tem sua cultura, seus projetos e seu modo de vida, o que, por si só, questiona a visão etnocêntrica, a pretensa superioridade de uma civilização sobre a outra - no caso a branca, ocidental e cristã sobre as demais.

As vítimas do preconceito e do desemprego são hoje herdeiras de séculos de dominação e de exclusão social. Essa relação - passado e presente - constitui a essência da história. São as inquietações do presente que nos levam a reinterpretar o passado. A história é, portanto, uma ciência do presente.

A história não só está viva como é a própria vida. Quem ainda acha que história é "decoreba" inclua-se nela: é a melhor maneira de entendê-la.
*Geraldo Teruya é professor da Didátika e do Curso e Colégio Anglo
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