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Ácido pode estragar os dentes
Luís Fernando Pereira*
Especial para a Folha de S. Paulo
Está no dicionário. Bulimia nervosa: doença que leva a pessoa a comer muito e depois a forçar o vômito ou a tomar laxantes para emagrecer ou não engordar.

Leka, participante do programa de TV "Big Brother Brasil", foi a bulímica mais famosa do país em 2002. O que ela não deve saber é que, além de outros problemas de saúde e de uma anorexia à vista, ela está acabando com seus dentes. Vamos ver por quê.

Um dente saudável é recoberto por uma camada de esmalte que protege seu interior. Esse esmalte contém uma substância chamada hidroxiapatita (Ca10(PO4)6(OH)2). Apesar de dura e resistente, a hidroxiapatita tem íons hidróxido (OH-) na sua composição, que a tornam muito sensível ao ataque de ácidos (substâncias fornecedoras de íons H+).

H+ e OH- se adoram. Um não pode ver o outro, que imediatamente reagem. Por isso a saliva ácida (rica em íons H+) acaba prejudicando o esmalte dos dentes.

O pior é que é muito fácil ficar com a saliva ácida. Basta comer açúcar! Bactérias que vivem na nossa boca (argh!) convertem o açúcar em ácidos que atacam o escudo de hidroxiapatita dos dentes. Com o esmalte meio capenga, os dentes ficam desprotegidos. Assim, certos microorganismos conseguem entrar e fazer a festa. O resultado é cárie ou coisa pior!

É por isso que muitas pastas de dente contêm bicarbonato de sódio (NaHCO3), que atua contra a acidez e também faz parte da composição do sal de frutas, um antiácido estomacal.

Mas vamos voltar à bulimia de Leka. Quando vomitamos, o suco gástrico, que contém ácido clorídrico -um tremendo produtor de íons H+-, vai parar na boca. Detalhe: o suco gástrico é cerca de 100 mil vezes mais ácido que a saliva! Imagine o estrago nos dentes de Leka se ela não se tratar logo, já que pelo jeito ela vomita religiosamente após cada refeição.

O ideal, depois de comer, é só escovar os dentes. Como as pastas contêm fluoreto (F-), a hidroxiapatita, em contato com elas, transforma-se em fluorapatita (Ca10(PO4)6F2).

É que os íons fluoreto conseguem trocar de lugar com os íons hidróxido (OH-), aqueles que os ácidos atacam sem dó. Assim, os vilões H+ não acham mais a sua vítima (OH-) no esmalte, e os dentes ficam muito menos sensíveis ao ataque ácido que, ao contrário do da nossa seleção, é extremamente perigoso para o adversário. É isso aí, a química está em todas!
*Luís Fernando Pereira é professor do curso Intergraus e coordenador de química do sistema Uno/Moderna
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