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Método do carbono-14 utiliza princípios de radioatividade
Luís Fernando Pereira*
Especial para a Folha de S. Paulo
Quinhentos anos. Essa é a idade aproximada de múmias descobertas em um antigo cemitério inca no Peru. A escavação desse cemitério recuperou milhares de artefatos e mais de 2.200 corpos!

Mas como os cientistas sabem que os incas viveram há tanto tempo? Ou como podem afirmar que o Santo Sudário deve ser falso, pois teria sido produzido na verdade por volta de 1300 d.C.? Resposta: por meio de testes com carbono-14 (C-14), nosso tema de hoje. Mas que método é esse?

Imagine que um rapaz, aos 20 anos, ostente uma enorme cabeleira. E que, para seu desespero, a partir daí, o destino cruel comece a levar seus cabelos. Aos 30 anos, resta metade dos fios dos 20. Aos 40, metade do que tinha aos 30. E assim por diante. Quer dizer: observando seus cabelos, sempre poderemos estimar sua idade.

Com as múmias, o raciocínio é muito semelhante. Claro que ninguém analisa a cabeleira delas, mas sim o teor de determinados elementos químicos na sua constituição ou nos utensílios e rochas encontrados com elas.

No caso do C-14, a ideia é a seguinte: as plantas absorvem o C-14 (14 é a soma de prótons e nêutrons desse átomo) pela fotossíntese. O C-14 passa dos vegetais para os animais pela cadeia alimentar.

Assim, todos os seres vivos apresentam um certo teor fixo de C-14. Quando a planta ou o animal morre, suas reservas de C-14 diminuem porque, como todos os elementos radioativos, o C-14 decai (transforma-se em outro elemento químico). No decaimento, o C-14 perde metade de sua massa a cada 5.730 anos.

Em outras palavras, temos um relógio que começa a funcionar no momento em que o ser morre. Esses 5.730 anos do C-14 são chamados de meia-vida. Dessa maneira, pode-se fazer a datação de uma múmia (ou de um artefato de madeira, ou de uma pintura etc.) por um raciocínio semelhante ao do caso do nosso amigo ex-cabeludo.

O único porém é que, depois de 70 mil anos, sobra tão pouco C-14 que fica difícil medir. É por isso que esse método não serve para datação de materiais mais antigos. Para esses casos, existem outros testes, quase todos baseados nos mesmos princípios de meia-vida e de radioatividade.

Até mesmo a idade do nosso planeta já foi calculada (método urânio-238/chumbo-206): mais de 4,5 bilhões de anos! É isso aí, a química está em todas!
*Luís Fernando Pereira é professor do curso Intergraus e coordenador de química do sistema Uno/Moderna
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