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Imagens em movimento 'brincam' com a persistência da visão Tarso Paulo Rodrigues* Especial para a Folha de S. Paulo Foram encontradas em cavernas pré-históricas as primeiras sequências de figuras desenhadas pelo homem de modo a produzirem a sensação de movimento. Essa descoberta confirma a percepção de que, quando folheamos rapidamente desenhos ou fotografias em sequência, eles parecem se mover. Foi só em 1826 que o médico e filólogo inglês Peter Mark Roget publicou um estudo sobre o assunto. Segundo o cientista, o olho humano retém a imagem que se forma na retina por alguns décimos de segundo a mais (aproximadamente 1/24 de segundo), mesmo após o clarão que a provocou haver desaparecido. Essa peculiaridade do sistema óptico humano, capaz de reter a imagem por esse pequeno lapso de tempo, é conhecida como persistência da visão ou persistência retiniana. Três anos após essa descoberta, o físico belga Joseph-Antoine Plateau foi o primeiro a medir o tempo da persistência da visão ao concluir que, para uma série de imagens darem a ilusão de movimento, é necessário que se sucedam à razão de dez por segundo. Baseados nessas descobertas, inúmeros equipamentos foram criados para captar a imagem do movimento. Os primeiros aparelhos de projeção eram formados por discos com várias imagens coladas em posições diferentes, que, ao serem rodados, davam a impressão de mobilidade. Para filmar um corpo em movimento, são feitas várias fotos (fotogramas) em intervalos bem curtos. Hoje, a velocidade de filmagem e projeção é padronizada em 24 fotogramas por segundo. Como a imagem na retina persiste no intervalo de tempo compreendido entre duas imagens sucessivas, o fotograma seguinte é projetado no exato instante em que o fotograma anterior está desaparecendo de nossa "memória visual", o que produz a sensação de movimento contínuo. O vestibular da Fuvest explorou o assunto. Uma de suas questões afirmava que um filme comum é formado por uma série de fotografias individuais projetadas à razão de 24 quadros por segundo. Uma pessoa desejando filmar o desabrochar de uma flor cuja duração era de aproximadamente seis horas pretendia apresentar esse fenômeno em um filme de dez minutos de duração. O exercício perguntava quantas fotografias individuais do desabrochar da flor deveriam ser tiradas. Uma solução é lembrar que, como a projeção ocorre a uma velocidade de 24 quadros por segundo e o filme tem dez minutos de duração (600 segundos), o total de fotografias tiradas deveria ser de 14.400 e à razão de 40 fotos por minuto. *Tarso Paulo Rodrigues é professor e coordenador de física do Colégio Augusto Laranja |
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