Romantismo Rodrigo Gurgel Da Página 3 Pedagogia & Comunicação Características Reação ao racionalismo classicista, o Romantismo marcou a história da literatura do final do século 18 a meados do século 19.
Literatura de tendências mais subjetivas, que buscava expressar, de maneira espontânea, as emoções individuais e coletivas.
Recuperação do medievalismo, do exotismo e do irracionalismo; liberação do inconsciente; reação contra o cientificismo; rebelião contra as convenções sociais e artísticas; retorno à natureza.
Busca de uma verdade relativa (a verdade do "eu" em oposição à sociedade). A verdade poética se superpõe à verdade científica.
Ênfase na intuição, em detrimento da compreensão racional.
Culto do mistério, do misticismo e do esoterismo.
A exaltação do "eu" conduziu à crença no conhecimento puramente intuitivo e subjetivo da realidade; e no culto à rebeldia individual, cuja expressão máxima seria a personalidade satânica (cujo modelo é o poeta inglês Lord Gegorge G. Byron). O herói romântico é um tipo ideal, marcado pela fatalidade, e hipersensibilidade, além de, às vezes, demonstrar tendências patológicas.
A história do movimento romântico europeu parte de uma contradição básica: os seus participantes proclamaram sempre o nacionalismo - mas a evolução desse processo conduziu o Romantismo a ser o movimento literário mais internacional até então existente. Um internacionalismo que se revestiu de características divergentes, do ponto de vista estético ou ideológico.
Romantismo no Brasil • O período romântico se esboça no Brasil em meados do decênio de 1830, mas só se firma na década seguinte. 1850 e 1860 são seus momentos principais, enquanto o decênio de 1870 vê as suas últimas manifestações e o surgimento de correntes literárias novas. • Principais características: desejo exaltado de exprimir as peculiaridades do país e os aspectos mais individuais da vida afetiva. Ou seja: nativismo e afetividade – pitoresco e confidência – nacionalismo intenso e vibração emocional - indianismo (muitas vezes exacerbado). • O desejo de exprimir a realidade física e social do país levou à descrição sentimental da natureza, ao interesse pela história e pelos costumes sociais. |
Principais escritores
José Gonçalves de Magalhães, autor de, entre outros, Suspiros poéticos e saudades (1836), obra medíocre, mas considerada o marco inicial do Romantismo brasileiro.
- Gonçalves Dias: primeiro romântico de vulto. Foi quem estabeleceu as cadências, o temário e as posições de espírito da tradição romântica brasileira: melancolia desalentada, fusão do sentimento na paisagem, indianismo.
Joaquim Manuel de Macedo: verdadeiro iniciador do romance brasileiro (com A Moreninha, de 1844). Compôs a fórmula do romance de costumes.
Álvares de Azevedo: talvez o mais dotado dos poetas românticos brasileiros, produziu poesia de grande acuidade crítica, compondo, inclusive, sátiras ao Romantismo. Era, ao mesmo tempo, sentimental e humorístico, piegas e satânico.
Casimiro de Abreu: mestre dos poetas menores, que expressavam sentimentos fáceis numa linguagem fácil, de modo que a dor acabasse uma convenção amena e os impulsos da fantasia nunca desmanchassem o respeito das normas sociais.
Sousândrade (Joaquim de Sousa Andrade): para alguns críticos, um dos poetas mais originais do Romantismo, revelando instigante lirismo reflexivo. Para outros, como José Guilherme Merquior, Sousândrade é um exemplo de "preciosismo pernóstico" e seu verso tem uma "empostação empolada".
Manuel Antônio de Almeida: original e dotado de humor. Seu romance Memórias de um sargento de milícias é o mais despojado e resistente do período romântico. Tinha o gosto pelo documento vivo e pelos meios sociais do Rio de Janeiro. Memórias de um sargento de milícias, de estilo seco e irônico, marcou a posição extrema do anti-sentimentalismo no período romântico.
José de Alencar: fundador do romance indianista com O Guarani, obra de mensagem facilmente inteligível, cujas características seriam levadas ao ponto máximo com Iracema. Acertou nos romances que refletiam os problemas humanos na vida urbana, como Lucíola e Senhora. Também fecundou o romance regional, com obras menores como O Gaúcho e O Sertanejo.
Fagundes Varela: poeta seguidor e, ao mesmo tempo, sintetizador dos predecessores. Composta em versos melodiosos, sua obra-prima é "Cântico do Calvário".
Bernardo Guimarães: sua obra-prima é O Seminarista, em que fundiu a preocupação social ao amor pelas regiões agrestes (e que introduz, na ficção romântica, um toque naturalista).
Castro Alves: a magia de seus versos vem da riqueza e da raridade das metáforas, bem como do movimento nervoso da composição. Poeta de traços oratórios, dedicou-se também aos temais sociais, sobretudo o abolicionismo.
Já vinculados, em certos aspectos, ao Naturalismo e ao Realismo, merecem atenção, ainda, o romance Inocência, de Alfredo d'Escragnole Taunay, e o regionalismo de Franklin Távora (O Cabeleira e Lourenço).
O Romantismo consolidou a literatura no Brasil e a transformou em peça mestra da construção de uma consciência nacional.
Rodrigo Gurgel é escritor, editor e crítico literário. ÍNDICE DE REVISÕES | | |