José de Alencar 01;/03/1829, Mecejana, CE 12/12/1877, Rio de Janeiro, RJ | Principal figura da ficção romântica brasileira e nosso primeiro grande romancista, José de Alencar tem fecunda produção, na qual se incluem, além de duas dezenas de romances, peças de teatro, ensaios e artigos políticos e jurídicos. Aos 15 anos, já cursando a Faculdade de Direito de São Paulo, leu A moreninha, de Joaquim Manuel de Macedo, obra que o impressionou agradavelmente. Mas suas principais influências vieram de Balzac, Alexandre Dumas, Alfred de Vigny, Chateaubriand e Victor Hugo. Na opinião de Machado de Assis, “nenhum outro escritor teve em mais alto grau a alma brasileira”. | Vida e obra | Apesar da vida breve (faleceu aos 48 anos, de tuberculose), José de Alencar, ao mesmo tempo em que galgou importantes cargos políticos (deputado pelo Partido Conservador e ministro da Justiça), dedicou-se à literatura e à polêmica nos jornais da época. A fama chegaria com a publicação, no formato de folhetim, do romance O guarani (1857). Pesquisador incansável, sua obra é um dos melhores reflexos do Romantismo brasileiro: de um lado, a tentativa de abarcar toda a complexa realidade do país, com seus mitos, lendas, tradições populares, festas religiosas e embates políticos; de outro, o idealismo excessivo (nos romances indigenistas, históricos e regionalistas) ou a valorização do individualismo (nos romances urbanos). | Principais obras: Iracema (1865) e Senhora (1875). | Características | As ideias nacionalistas de Alencar não se refletem apenas no indigenismo ou na galeria de heróis típicos das diferentes regiões do país, mas também na linguagem, que ele considerava instrumento fundamental para a unidade da nação. O escritor, portanto, afasta-se dos moldes portugueses e procura consolidar uma sintaxe brasileira, próxima da língua falada. Apesar de seu estilo às vezes pomposo ou declamatório (menos presente nos romances urbanos), José de Alencar cria, em Iracema, verdadeiro poema em prosa, configurando um romance no qual a linguagem ganha preponderância sobre o enredo. A história da índia tabajara que se apaixona pelo colonizador português e dele engravida é, na verdade, a narrativa da própria fundação do Brasil. Não por outro motivo, aliás, a protagonista morre | | no final, tornando-se símbolo da destruição da cultura nativa, que deve sucumbir para que o colonizador e a miscigenação prevaleçam. Na opinião do crítico Augusto Meyer, a prosa eminentemente lírica de Iracema faz de Alencar o “poeta do romance, [...] o maior criador da poesia romântica, na língua portuguesa, e o nosso maior poeta indianista”. | Curiosidades | Dentre os trabalhos de Alencar, a peça As asas de um anjo, encenada em 1860, foi proibida pela censura sob a acusação de ser imoral: a heroína era uma prostituta redimida pelo amor. Ao exprimir o desejo de se candidatar ao posto de senador, José de Alencar teria ouvido de dom Pedro 2º: "No seu caso, eu não me apresentaria agora: o senhor é muito moço". Ao que o escritor teria respondido (referindo-se à maioridade do imperador, decretada quando este tinha 15 anos): "Por esta razão, Vossa Majestade devia ter devolvido o ato que o declarou maior antes da idade legal". Pouco tempo depois, tendo de escolher, de uma lista tríplice, um nome para o Senado, o imperador preteriu Alencar, que, inconformado, abandonou a política. | ÍNDICE DE REVISÕES | | |