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Figuras de sintaxe
Da Página 3 Pedagogia & Comunicação
 

Quando escrevemos, buscamos maneiras de exprimir nosso pensamento. Para tanto, utilizamos diferentes recursos, dentre eles, as figuras de sintaxe, ou seja, diferentes formas de se construir as frases:

  • Pleonasmo: superabundância de palavras para enunciar uma ideia:

    a) quando se procura reproduzir a fala popular:
    "Entra pra dentro, Carlinhos. " (José Lins do Rego)

    b) emprego do adjetivo como epíteto de natureza:
    "E a Noite sou eu própria! A Noite escura!! (Florbela Espanca)

    Objeto pleonástico:

    a) Para dar realce ao objeto direto, é costume colocá-lo no início da frase e, depois, repeti-lo com a forma pronominal o (a, os, as):
    "Meu saco de ilusões, bem cheio tive-o." (Mário Quintana)

    b) O pronome lhe também pode reiterar o objeto indireto:
    Ao homem mesquinho basta-lhe um burrinho.

    c) Para ressaltar o objeto (direto ou indireto), usa-se fazer acompanhar um pronome átono da correspondente forma tônica regida da preposição a:
    "A mim não me enganas tu." (Miguel Torga)

  • Hipérbato: utilizando-se a intercalação de um membro frásico, separam-se palavras que pertencem ao mesmo sintagma:
    "Que arcanjo teus sonhos veio
    Velar, maternos, um dia?
    " (Fernando Pessoa)

  • Anástrofe: inversão que consiste na anteposição do determinante (preposição + substantivo) ao determinado:
    "Vingai a pátria ou valentes
    Da pátria tombai no chão!
    " (Fagundes Varela)

    (Observação: gramáticos e teóricos de literatura têm diferentes definições para "hipérbato" e "anástrofe", o que tem levado a se fazer uma classificação mais geral, unindo as duas figuras sob o termo de "inversão".)

    Elipse: omissão de termos ou expressões que ficam subentendidos na frase:

    1) Elipse como processo gramatical:

    a) Elipse do sujeito:
    Maria foi até o quarto. Acendeu a luz, olhou a cama vazia.

    b) Elipse do verbo:
    Um hipócrita. Até quando sincero, um hipócrita.

    c) Elipse de preposição:
    Miguel foi atrás dela, mãos nos bolsos, falando calmo.”
    (Luandino Vieira)

    d) Elipse da preposição de antes da integrante que introduz as orações objetivas indiretas e as completivas nominais:
    Uma vez certa que morria, ordenou o que prometera a si mesma.” (Machado de Assis)

    e) Elipse da conjunção integrante que:
    Não cuideis seja a masmorra...
    Não cuideis seja o degredo...

    (Cecília Meireles)

    2) Elipse como processo estilístico (trata-se de um recurso condensador da expressão):

    a) na descrição esquemática de ambientes, de estados de alma, de perfis:
    E o trabalho, as esperanças perdidas, a magreza, a fome de todo o ano. Sezões e tifos. Sonhos e raivas encobertos em xales e saias escuras, em fatos de bombazina de contrabando, gente de luto.” (Fernando Namora)

    b) em anotações rápidas:
    Poucos feridos. Rara gente de luto. Nenhuma tristeza. Muitos espetáculos. Cafés do centro, cheios.” (Mário de Sá-Carneiro)

    c) na enunciação de pensamentos condensados, ditos sentenciosos ou irônicos:
    – Meu dito, meu feito.” (Machado de Assis)

    d) nas enumerações:
    Jantares, danças, luminárias, músicas, tudo houve para celebrar tão fausto acontecimento.” (Machado de Assis)


  • Zeugma: é uma forma de elipse. O termo utilizado em um enunciado participa de outro, mas sem estar expresso:
    " A igreja era grande e pobre. Os altares, humildes." [Entenda-se: Os altares eram humildes.] (Carlos Drummond de Andrade)

  • Prolepse (ou antecipação) : deslocação de um termo de uma oração para outra que a preceda:
    " - O próprio ministro dizem que não gostou do ato." (Machado de Assis)

  • Sínquise: inversão violenta das palavras de uma frase:
    "Da fonte dos meus olhos nunca enxuta
    A corrente fatal, fico indeciso,
    Ao ver quanto em meu dano se executa.
    " (Cláudio Manuel da Costa)

    Em ordem direta, teríamos: "Ao ver quanto se executa em meu dano, fico indeciso [perante] a corrente fatal da fonte dos meus olhos [que] nunca [está] enxuta.

  • Assíndeto: vigoroso processo de encadeamento do enunciado, que exige do leitor uma atenção maior no exame de cada fato:
    "A barca vinha perto, chegou, atracou, entramos. " (Machado de Assis)

  • Polissíndeto: é o contrário do assíndeto, ou seja, emprego reiterado de conjunções coordenativas, especialmente das aditivas:
    "O quinhão que me coube é humilde, pior do que isto: nulo. Nem glória, nem amores, nem santidade, nem heroísmo. "(Otto Lara Resende)

  • Anacoluto: mudança de construção sintática no meio do enunciado, geralmente depois de uma pausa sensível:
    "Umas carabinas que guardava atrás do guarda-roupa, a gente brincava com elas, de tão imprestáveis. "(José Lins do Rego)

  • Silepse: concordância que se faz não com a forma gramatical das palavras, mas com o seu sentido, com a ideia que elas expressam:

    a) Silepse de número:
    "Deu-me notícias da gente Aguiar; estão bons. " (Machado de Assis)

    b) Silepse de gênero:
    " - V. Ex.ª parece magoado..." (Carlos Drummond de Andrade)

    c) Silepse de pessoa:
    "Sós os quatro velhos - o desembargador com os três - fazíamos planos futuros. " (Machado de Assis)

    "No fundo a gente se consolava, pensávamos em nós mesmos. " (Autran Dourado)

  • Anáfora: repetição de palavras ou expressões no início de versos ou frases:
    "Como no tanque de um palácio mago
    Dois alvos cisnes na bacia lisa,
    Como nas águas que o barqueiro frisa,
    Dois nenuferes sobre o azul do lago [...]
    "
    (Castro Alves)

     
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