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24/02/2010 - 09h00

Calouro participante de trote social se envolve mais em atividade extracurricular, diz docente

Ana Okada
Em São Paulo
Os trotes solidários, cada vez mais adotados pelas universidades, criam uma cultura de maior participação em projetos sociais e envolvimento com atividades acadêmicas, explica o professor Ademar Bueno, que ensina sustentabilidade aos graduandos de economia da FGV-SP (Fundação Getúlio Vargas) de São Paulo. "A mensagem passada no primeiro dia é muito forte, então deve ser positiva, de integração e cidadania. Essa é a lembrança o aluno vai levar por todo o curso e para a vida dele", diz.

Calouros da FGV-SP são "garis por um dia"

  • Ademar Bueno

    Garis de SP pintaram ingressantes no vestibular 2010 da FGV-SP

Este ano, o professor ajudou a coordenar, junto com estudantes veteranos, o "trote sustentável" da instituição, que consistia em varrição das ruas nas proximidades da faculdade, plantio de árvores e coleta de óleo usado. "A ideia era fazer uma ação ligada à questão ambiental, daí a temática do lixo. Fizemos discussões sobre como cada curso pode ajudar a resolver esse problema", explica. Cerca de 200 jovens participaram da ação.

Em vez de os veteranos pintarem os novatos, quem os pintou, desta vez, foram os garis. "Os estudantes adoraram, e o pessoal do bairro também. O maior impacto foi na comunidade, que em vez de ver os universitários pedindo dinheiro, os viu cuidando do local", ressalta.

Estudantes de direito e administração ficaram na varrição; os de economia recolheram óleo usado; os intercambistas, por sua vez, plantaram árvores. Segundo o docente, os calouros que participam deste tipo de trote são mais propensos a participar, no decorrer do curso, de atividades sociais: "Isso cria uma cultura na faculdade; se você deixa ele solto, é mais difícil de ter isso", argumenta.

Influência

O professor estudou a influência do trabalho social no formando de medicina, nos alunos da FCMSCSP (Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo). De acordo com a tese, desenvolver atividades sociais na área que se estuda na faculdade faz com que o aluno perceba mais sentido na escolha profissional.

Uma consequência disso, segundo o estudo, é que aqueles que enxergam mais sentido na carreira têm maior percepção de crescimento pessoal e profissional nas atividades desenvolvidas. Além disso, esse estudante poderá exercitar as habilidades comunicação, empatia e flexibilidade --essenciais para o futuro profissional.

Na FGV-SP há trotes sociais desde 2003. Nos últimos três anos, o trote foi unificado entre as três graduações oferecidas e tem, além das ações sociais, palestras e churrasco. "O trote unificado acaba constrangendo algum veterano que queira pegar alunos para fazer pedágio, e o calouro se sente mais protegido quando sai num grupo grande", afirma Bueno.

Medula

Para incentivar a conscientização dos calouros sobre a doação de medula óssea --que é menor do que a de sangue-- a Faculdade de medicina veterinária e zootecnia da USP (Universidade de São Paulo) disponibilizará aos novatos um cadastro para doadores.

"Resolvemos incluir o cadastramento de doadores de medula em nossa semana de recepção como forma de ajuda à Ameo (Associação da Medula Óssea) em difundir o procedimento", explica a professora Camila Vannucchi, coordenadora da semana de calouros da faculdade.

No ano passado, a faculdade realizou também coleta de sangue no trote. A ação lhes rendeu o prêmio "Melhor Semana de Recepção aos Calouros" da universidade.

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