11/11/2007 - 16h48

Mais de 200 mil adolescentes fazem vestibulinho das Etecs

Da redação
Em São Paulo

Vestibulinho das Etecs surpreendeu candidatos com questão de sudoku

Veja a prova aplicada

Gabarito oficial

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Cerca de 4.000 candidatos fizeram, neste domingo (11), a prova do vestibulinho na Etesp (Escola Técnica Estadual de São Paulo), no Bom Retiro, na capital. Em todo o Estado, foram 210.239 inscritos para a prova das Etecs, que dá direito ao ingresso em cursos técnicos, do ensino médio, oferecidos pela instituição.

Os candidatos podem acompanhar uma correção online da prova, feita por professores do cursinho Rumo. De acordo com os professores, a questão 39 teria de ser anulada, porque todos os itens poderiam estar corretos.

Durante este início de tarde, estudantes do ensino fundamental e médio de no máximo 15 anos aglomeravam-se nos portões, ainda fechados, da unidade. Nervosos, grupos de amigos e adolescentes acompanhados dos pais revisavam pela última vez o conteúdo da prova e faziam um lanche para enfrentar as quatro horas de teste.

Alguns se despediam dos namorados, outros conferiam os documentos para entrar na sala.

Isabella Faria, 15, já fez seis provas da Etec: quatro como treineira (sem validade, apenas para conhecer as características da prova) e duas concorrendo a vagas no ensino médio. A prova deste domingo foi uma tentativa de conquistar uma vaga no curso técnico de gestão ambiental.

Desta vez, a candidata está confiante de que conquistará a vaga. "A avaliação foi bem fácil, acho que dá para passar", diz. A estudante gostou de fazer as provas de biologia e geografia. Mas o que mais a chamou atenção foi uma questão 13, em que era preciso preencher um sudoku — quebra-cabeça numérico originado no Japão.

"Adoro fazer sudoku, e quando vi que tinha um na prova, quis logo resolver. Mas perdi muito tempo tentando, este estava bem difícil. Então deixei para o final. E consegui terminar, depois de muito sacrifício", diz. Ela afirma que depois da prova encontrou os amigos e todos disseram que o quebra-cabeça tomou-lhes boa parte do tempo de resolução.

Professor de matemática do curso Rumo, Zenon de Souza Guerra Filho, diz que sudoku, que é um quebra-cabeça de lógica, não está inserido nos padrões de ensino do Brasil. "Este princípio de lógica matemática não é aplicado no ensino de 90% das escolas do país", diz.

Apesar de ser pouco abordado em outras escolas, o professor diz que já deu aula a respeito do assunto para candidatos ao vestibulinho. "Essa questão da prova é igual à que coloquei no simulado do curso".

"Não me sinto pressionada. Posso até ser nova, mas não há idade para isso. Nós, estudantes, sofremos pressão desde a primeira série do ensino fundamental, então temos de nos acostumar a isso", diz Isabella.

Para dar uma graça à seriedade da prova, as três amigas inseparáveis Taynã Rodrigues de Souza, 14, Caroline Yamaguti de Souza, 14, e Laís de Oliveira Rodrigues, 15, compraram camisetas idênticas para usar neste domingo. "Fiz a inscrição com ela e agora vamos fazer o exame. E no dia do resultado também vamos usar a mesma roupa, pra dar sorte", diz Caroline.

Como se não bastasse o patuá das amigas, Caroline ainda usou uma medalhinha dada pela avó. "É para termos mais sorte ainda e continuarmos estudando juntas, como sempre foi desde a primeira série do ensino fundamental."

Depois da prova, as três se encontraram e perceberam que a questão de sudoku já havia sido resolvida por Laís, que tinha mesmo quebra-cabeça gravado no celular. "Resolvemos rápido, essa passou fácil e eu acho que acertei", diz Caroline.

Para a estudante, a questão mais difícil foi a segunda, de interpretação. Tratava-se de um texto adaptado de Pierre Clastres a respeito de sociedade. "Cheguei em um momento em que quase não conseguia ver o papel. Foi uma prova muito cansativa."

Bom e barato

Tentar fazer o ensino médio nas Etecs é uma boa opção para quem não pode pagar pelos estudos, já que os cursos são gratuitos.

A aluna de colégio particular, Luiza de Morais, 15, teve de fazer um investimento para tentar a vaga num curso gratuito: matriculou-se em um cursinho específico para a Etec. "Estou mais confiante depois do cursinho. Uma característica marcante da prova é que ela tem muita interpretação de texto, e nisso eu já estou craque", diz.

Provas e concorrência

A avaliação deste domingo tem 50 questões, cada uma com cinco alternativas relacionadas a conhecimentos gerais. Os itens dizem respeito a um determinado tema — ligado a situações do cotidiano, envolvendo problemáticas sociais, culturais, científicas e tecnológicas — apresentado em um texto-matriz e outros complementares.

Os testes de aptidão para o curso técnico em dança serão realizadas somente pelos 60 primeiros classificados na prova deste domingo. A lista de aprovados sairá nos dias 10 e 11 de janeiro de 2008.

Ao todo, 210.239 candidatos se inscreveram para o vestibulinho 2008. A seleção foi mais procurada do que o concurso da Fuvest, que seleciona candidatos para a USP (Universidade de São Paulo) e é um dos principais vestibulares do país. Neste ano, são 141.610 vestibulandos na disputa da Fuvest.

No último vestibulinho realizado, relativo ao segundo semestre de 2007, as Etecs receberam 115.088 inscrições. O crescimento de demanda para 2008 foi de 82,7%.

O curso mais concorrido é o técnico de enfermagem, oferecido na Etec Carlos de Campos, na capital paulista. O curso terá disputa de 26,3 por vaga no processo seletivo de 2008.

Vagas nas Etecs

Nesta edição, as Etecs oferecem 51.305 vagas. Destas, 14.968 são para o ensino médio — houve um aumento de 88% do número de vagas em relação ao 1º semestre de 2007. O ensino médio, antes implantado em 93 unidades, passa a ser oferecido em 126 Etecs.

As vagas do ensino técnico aumentaram em 7,3 mil em relação ao mesmo período do ano passado. São oferecidas agora 36.337 vagas.

Para concorrer a uma das vagas para o ensino médio, o candidato deve ter concluído o fundamental. Os que pretendem fazer o técnico precisam estar matriculados no 2º ano do ensino médio ou já ter concluído o ciclo.

Estudantes que tenham cursado de 5ª a 8ª série em escolas públicas podem ter a nota final do vestibulinho acrescida em 10%. Candidatos que se autodeclararem negros também podem ter pontuação acrescida em 3%. Os que atenderem aos dois requisitos conquistam um aumento de 13% da nota final.

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