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Para professores, prova de português da Fuvest foi interpretativa e exigiu repertório

Do UOL, em São Paulo

06/01/2013 20h15

Para os professores de cursinho ouvidos pelo UOL Vestibular, a prova de português da segunda fase da Fuvest pediu boa interpretação de texto e exigiu capacidade de relacionar conhecimentos de português e de literatura aplicados em temas diversos, como democracia, cidadania e história do Brasil. Em geral, o nível da prova foi considerado de mediano para difícil.

 

"É uma prova que mede não só o conhecimento de linguagem do aluno, mas sua articulação com o mundo. A linguagem aparece como um meio de conhecimento, de análise e de crítica", analisa Nelson Dutra, professor de língua portuguesa do Colégio e Curso Objetivo.

O tema da redação nesta edição foi o consumismo. A proposta, que se baseou em uma peça publicitária, não trazia coletânea de textos auxiliar e nem definia o tema da dissertação, o que pode ter dificultado a vida do estudante. "Você não tem uma frase que defina o recorte do tema de dissertação. O aluno corria o risco de querer dizer tudo o que ele sabe sobre o assunto e não conseguir fazer um texto bem amarrado", afirma Célio Tasinafo, diretor pedagógico da Oficina do Estudante.

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"É um tema de atualidade, que coloca uma questão que de fato faz parte da análise crítica da contemponareidade. Para fazer uma boa redação, o candidato tinha que dominar o código da língua e ter repertório [para criar sua argumentação]", explica o professor Francisco Platão Savioli, supervisor de português do Anglo.

Dos livros exigidos pela Fuvest, quatro apareceram em perguntas da segunda fase: "Til", de José de Alencar, "Memórias Póstumas de Brás Cubas", de Machado de Assis, "Sentimento do Mundo", de Carlos Drummond de Andrade e "Viagens na Minha Terra", de Almeida Garrett.

Pedindo correlação entre excertos e a obra, entre mais de uma obra ou mesmo entre o texto e a história do Brasil, as perguntas exigiam que os alunos tivessem lido o livro completo e não apenas seu resumo.

A pergunta 10 foi considerada uma das mais difíceis, por envolver a leitura de um poema de Drummond, pedir a relação com "Memórias Póstumas de Brás Cubas" e ainda a interpretação da visão do mundo do poeta sobre o país.

"O aluno tinha de entender que o Brás Cubas também era um personagem que vivia no ócio. E perceber que Drummond aponta para a interpretação de que mudam-se os tempos e o Brasil continua a ter uma elite parasitária, que vive no ócio, sem nenhuma responsabilidade social e vivendo os prazeres do mar", afirma Dutra.

Como é típico da Fuvest, a gramática apareceu sempre cobrada dentro de um contexto em que era necessária uma boa interpretação de texto.

A pergunta 6, por exemplo, exigia do aluno que percebesse os recursos linguísticos usados em diferentes manchetes de jornal mostrando a diferença de intenção entre elas. "Pode parecer uma questão simples, mas exige uma leitura crítica do mundo", considera Dutra. 

Provas

Não compareceram à prova de português 2.651 dos 31.182 candidatos convocados para a segunda etapa do processo seletivo (8,5%). O número é pouco maior do que o do ano passado, quando deixaram de comparecer no primeiro dia de prova 2.568 candidatos (8,15%).

Segundo as regras do processo seletivo, o candidato que não fizer qualquer uma das três provas da fase dissertativa ou zerar uma delas está automaticamente desclassificado.

Outras provas

Os candidatos convocados para a segunda fase do processo seletivo farão na segunda-feira (7), a prova de conhecimentos gerais, com questões de química, física, biologia, história, geografia, inglês e matemática. Já a terça-feira (8) é reservada para as disciplinas específicas exigidas por cada curso.

Os portões dos locais de prova serão abertos às 12h30 e fechados às 13h. Os vestibulandos só poderão deixar o local de exame a partir das 15h.

A primeira chamada será divulgada no dia 02 de fevereiro de 2013.

Primeira fase

Estavam inscritos 159.609 candidatos, que disputam 11.082 vagas, sendo 10.982 de cursos da USP e 100 da Medicina da Santa Casa. A taxa de abstenção foi de 10,7%, informou a fundação.

Ou seja, 17.038 candidatos não compareceram aos locais de prova da primeira fase. Barretos foi a cidade com maior abstenção: 14,8% dos candidatos não fizeram as provas neste domingo. São Caetano do Sul foi o município com menor taxa de ausentes: apenas 8%.

O curso com nota de corte mais alta é medicina, para o qual o aluno precisava de 73 pontos para ser chamado à segunda fase --mesma nota do último vestibular.