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Para professores, questões fáceis na 1ª fase podem fazer nota de corte da Unicamp subir

Suellen Smosinski

Do UOL, em São Paulo

11/11/2012 21h54Atualizada em 11/11/2012 21h58

A primeira fase da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas), realizada nesse domingo (11), foi considerada de nível médio para fácil, segundo professores ouvidos pelo UOL. Em algumas disciplinas as questões estavam mais fáceis do que no ano passado, o que pode fazer com que a nota de corte aumente para as carreiras mais concorridas.

Foram relatados problemas em duas questões. Segundo o coordenador pedagógico do Etapa, Marcelo Dias Carvalho, a questão 20, de biologia (caderno Q e Z), não tem alternativa correta e deve ser anulada. Para o professor, a alternativa C, que é a mais próxima da correta, também está errada, pois o pinheiro e o jequitibá têm sementes e pela resposta essa seria uma característica que diferenciava as espécies. 

Já Luís Ricardo Arruda, coordenador geral do Anglo Vestibulares, afirma que na questão 44, de matemática (caderno Q e Z), as respostas A e C devem ser consideradas corretas. Os professores do Curso e Colégio Objetivo também concordam que as duas respostas devem ser consideradas.

 

Para Célio Tasinafo, diretor pedagógico da Oficina do Estudante, a prova de hoje consolida o modelo de primeira fase da Unicamp. “As questões mantiveram um padrão e foram bem distribuídas em relação ao conteúdo do ensino médio. Senti um pouco a falta de imagens. Em história, por exemplo não tem imagem nenhuma”, afirmou.

Tasinafo acredita que os estudantes acharam a prova mais fácil que o Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) 2012, mas diz que isso faz parte da expectativa com relação ao exame. Entretanto, ele orienta os candidatos a não compararem vestibulares diferentes, que não seguem o mesmo modelo. Para ele, a prova foi mais fácil do que no ano passado, porque teve uma redação a menos.

Segundo o coordenador geral do Anglo Vestibulares, a prova teve um nível adequado para o ensino médio: “Uma prova com 48 questões não dá pra analisar todo o conteúdo do ensino médio, mas fizeram o possível”, afirmou.

O coordenador do Etapa afirma que foi uma prova acessível para um aluno bem preparado. Para ele, as questões de biologia, química e história estavam mais fáceis que no ano passado e o restante das questões seguiu o mesmo grau de dificuldade. 

Para Dias Carvalho, as propostas de redação não foram complicadas e o tempo para resolver a prova também melhorou com uma redação a menos. Ele destaca que o resumo é uma forma de texto bem trabalhada no ensino médio e que o candidato precisaria seguir as normas de um resumo: “ideias centrais, poder de condensação e objetividade”. Já sobre a carta, ele diz que um dado importante era que a proposta já pedia para o candidato fazer uma crítica negativa ao jornal.

Confira abaixo os comentários dos professores do Curso e Colégio Objetivo para cada disciplina: 

Professor Ricardo Helou Doca – Física: “Foi uma prova tranquila, como era de se esperar. Estava dentro do conteúdo do ensino médio, com matérias curriculares básicas. O candidato minimamente preparado teve condições de resolver sem grandes dificuldades.” Para o professor, a prova deste ano estava mais fácil que a do ano passado, o que deve “elevar a nota de corte”.

Foram três questões sobre mecânica, uma de óptica, uma de eletricidade e uma de termologia.

Professor Gregorio Krikorian – Matemática: “A prova de matemática teve cinco questões bem simples. A geometria foi bastante privilegiada, com questões que davam um pouco mais de trabalho, mas, mesmo assim, eram questões clássicas.”

O professor só sentiu falta de alguma questão sobre geometria analítica: “Mas, existe uma segunda fase ainda e o tema deverá ser tratado nessa etapa”, afirmou. Segundo o professor, a prova seguiu o mesmo estilo dos últimos anos e não houve mudança quanto ao grau de dificuldade.

Professor Sérgio Teixeira Bignardi – Química: “Foi uma prova muito simples, de nível médio. Foram cinco questões de química geral e apenas uma questão que envolvia cálculo. Físico-química só teve uma pergunta, que foi relativamente fácil.”

Para o professor, a prova estava bem mais tranquila que no ano passado e também foi mais fácil do que a prova do Enem: “O Enem cobrava bastante conteúdo, foi mais abrangente. A Unicamp cobrou mais conceitos gerais, sem nada preocupante. A segunda fase costuma ser bem mais complexa”, afirmou.

Professor Mazzucco – Filosofia: “Questão clássica sobre Sócrates, que é um autor de primeira importância, que todos têm que trabalhar na sala de aula. Não era uma pergunta de interpretação, o aluno tinha que eu saber a resposta.”

Segundo o professor, a dificuldade foi de média para fácil: “O aluno tinha que saber o pensamento do filósofo. Isso valoriza o trabalho do professor em sala de aula, pois o conteúdo também é importante”, disse. 

Professor Daily de Matos Oliveira – História: “Prova bastante tranquila, sem grandes dificuldades, privilegiou a interpretação de texto, embora envolvesse conteúdo. Teve mais história geral do que história do Brasil, isso não é comum, principalmente na Unicamp.”

Professora Vera Lúcia da Costa Antunes – Geografia: “Foram questões bem diversificadas, com temas clássicos como solo, escala e clima. Por outro lado, também tivemos questões criativas e atuais como a metrópole de hoje, o crescimento da participação do nordeste no PIB brasileiro e escravidão e relações de trabalho.”

Para a professora, as questões estavam dentro do que o aluno estuda, “não dá para dizer que nunca ouviu falar”. Vera Lúcia também afirma que a prova não era de interpretação: “Tem que saber vocabulário, ter conhecimento dos conceitos da geografia”. 

Professora Elizabeth Massaranduba – Redação: “No resumo, o aluno deveria ler e tirar as ideias principais, não podia usar frases do texto. O perigo era o candidato interferir, se posicionar sobre o tema. Por ser um resumo, ele  tinha que selecionar as ideias importantes sem se colocar. Na segunda proposta, que era uma carta, o candidato tinha que ser um leitor assíduo do jornal e se posicionar contra uma matéria.”

A professora considerou os temas bastante tranquilos e achou que no ano passado os alunos tiveram mais problemas: “Foi bem mais fácil que ano passado”, afirmou. 

Professor Constantino Carnelos – Biologia: “Foi uma prova muito bem feita, com seis questões e algumas bem curiosas.” Segundo o professor, a questão mais difícil foi uma sobre mitose, mas que faz parte do programa básico de qualquer biologia.

Ele considera que a prova teve o mesmo nível do ano passado – básico.