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Seleção nas universidades americanas é bem diferente do processo brasileiro

Daiane Tamanaha<br>Especial para o UOL

Em Cambridge (EUA)

21/09/2011 11h00Atualizada em 04/10/2011 14h53

Estudar nas mais importantes universidades americanas é um "sonho" possível. Mas prepare-se: o processo de seleção é rigoroso, exige alto grau de conhecimento e fluência na língua inglesa.

O processo de seleção das universidade americanas é totalmente diferente do esquema brasileiro e varia de acordo com cada instituição. Não existe um vestibular, como no Brasil. Os estudantes são avaliados por sua história acadêmica. Também são exigidas três cartas de recomendação (duas devem ser escritas por professores e a outra carta por outro integrante da escola, normalmente o diretor, supervisor ou conselheiro educacional).

Os candidatos devem ainda fazer um teste de conhecimentos gerais, que não é classificatório, mas é eliminatório, ou seja, se o aluno tiver pontuação ruim é automaticamente eliminado, mas uma boa pontuação não necessariamente garante a aprovação na universidade. Esses testes são chamados SAT (Scholastic Aptitude Test ou Scholastic Assessment Test) ou o ACT (American College Testing) -- o nosso similar seria o Enem (Exame Nacional do Ensino Médio).

O SAT, aplicado sete vezes por ano, é divido em dois tipos de prova: uma primeira parte com questões de matemática, leitura crítica e redação e outro composto por literatura inglesa, história e estudos sociais, matemática, ciências (biologia, física e química) e línguas. O  ACT também é divido em provas de inglês, matemátia, leitura e ciências, além de uma prova opcional de redação. O ACT pode ser realizado no Brasil -- a próxima data é 22 de outubro e o teste será aplicado em dez cidades. Para fazer os testes, o estudante do Brasil precisa pagar taxas de cerca de US$ 80.

Vida fora da escola

Um dos responsáveis pela admissão de estudantes estrangeiros na Universidade de Harvard, Jim Paut, explica que além das provas, das cartas de recomendação e da avaliação do histórico escolar do aluno, a própria experiência de vida do candidato pesa no processo de seleção. Por isso o estudante  também deve escrever uma espécie de autobiografia, contando o que ele faz no tempo livre, quais seus interesses além da escola, se pratica algum esporte, se desenvolve algum trabalho voluntário, se precisa trabalhar para ajudar em casa. “A razão de querermos saber um pouco mais sobre a vida do aluno é porque Harvard também é uma comunidade. Nós buscamos bons alunos, mas também boas pessoas que queiram se envolver com a comunidade, tenham interesses extra-classe”, acrescenta. 

As atividades extraclasse serão também "exigidas" no ensino superior. Existem  oportunidades de conhecer, estudar e trabalhar em outros países durante ano letivo ou mesmo nas férias de verão (junho, julho e agosto). A estudante Karine Tiemi Yuki, de 20 anos, que faz física e ciências políticas no MIT (Instituto de Tecnologia de Massachusetts), já trabalhou na China, visitou o Japão, Abu Dhabi, Dubai e Londres. Durante as últimas férias, trabalhou no Instituto Nacional de Investigações Nucleares no México e depois foi para Ghana. “São  oportunidades que acrescentam muito à sua bagagem intelectual e cultural. Tem sido fantástico conhecer pessoas do mundo inteiro, conversar com professores e pesquisadores renomados”, afirma a estudante.

Dica

Leonardo Pereira Stedile, de 19 anos, aprovado ano passado pela Universidade de Princeton, pretende se formar em engenharia. Para ajudar outros estudantes brasileiros a entrar nas universidade americanas, Stedile escreveu uma espécie de manual explicando detalhadamente todo o processo de seleção.  O  guia está disponível gratuitamente na internet. A dica mais importante, segundo o estudante paulista, é começar a se preparar o mais cedo possível, pelo menos a partir do  primeiro ano do ensino médio e não deixar de fazer o que se gosta. “Se você gosta de futebol, faça com bastante paixão. Se você gosta de escrever, dedique-se. Na hora de redigir as redações, tudo isso vai ser importante para mostrar o que as coisas que são especiais  pra você”, explica Stedile.

Entre os estudantes ouvidos pela reportagem, há alguns traços em comum. Eles são inteligentes, persistentes e altamente dedicados aos estudos. Características comum a muitos outros alunos de escolas públicas e particulares brasileiras. A diferença é que eles tentaram realizar um sonho, que parecia impossível.  E conseguiram.