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Curso mais concorrido do Sisu, medicina da UFSJ preenche vagas somente na lista de espera

Filipe Caleb, 19, foi aprovado na primeira chamada do Sisu para o curso de medicina da UFSJ. As outras duas vagas foram preenchidas por candidatos da lista de espera - Arquivo Pessoal
Filipe Caleb, 19, foi aprovado na primeira chamada do Sisu para o curso de medicina da UFSJ. As outras duas vagas foram preenchidas por candidatos da lista de espera Imagem: Arquivo Pessoal

Suellen Smosinski

Em São Paulo

27/07/2011 07h00

O curso de medicina da UFSJ (Universidade Federal de São João Del-Rei), em Minas Gerais, foi o mais concorrido da última edição do Sisu (Sistema de Seleção Unificada), mas só preencheu todas as vagas após a lista de espera. A concorrência era de 900 candidatos para cada uma das três vagas ofertadas.

Dos três estudantes convocados na primeira chamada, apenas um efetuou a matrícula: Filipe Caleb, 19. "Quando fiz minha inscrição, eu não tinha esperança de passar. No decorrer dos dias eu fui acompanhando e via que estava em 1º lugar. Fiquei mais confiante e muito feliz quando fui aprovado", contou. Ele sempre estudou em escola pública e não frequentou curso pré-vestibular.

  • Arquivo pessoal

    Pedro Parreiras, 19, era o 1º colocado da lista de espera

  • Arquivo pessoal

    Eduardo Lessa, 24, foi aprovado como 2º colocado da lista

Como os dois candidatos convocados para matrícula em segunda chamada não compareceram, as vagas de medicina foram para a disputa dos estudantes que manifestaram interesse na lista de espera do Sisu. Nesta etapa, os dois candidatos com melhor desempenho efetivaram a matrícula assim que foram chamados.

"Tentei vários vestibulares no início do ano, mas não tinha conseguido passar em nenhum. Foi uma surpresa ser chamado. Não esperava passar,  pois a concorrência estava muito alta. Já estava até fazendo outros vestibulares. Tinha feito a primeira fase da Uerj (Universidade Estadual do Rio de Janeiro) e fui bem, estava estudando para a segunda fase. Foi uma surpresa muito positiva", contou Eduardo Lessa, 24, o segundo colocado da lista de espera.

O outro ingressante no curso mais concorriodo do Sisu é Pedro Parreiras, 19. Ele foi o primeiro candidato da lista de espera e afirma que estava confiante na aprovação. "Eu vi que a pessoa que se matriculou no início do ano tinha a nota do Enem menor que a minha, mas eu perdi a data e não pude me inscrever. Achava que tinha mais oportunidade de ser aprovado na UFSJ, era o mais próximo da minha cidade e eu queria muito estudar lá", disse o estudante da cidade mineira de Itaúna.

Parreiras estudou em escola particular e fez curso preparatório para o vestibular. "O cursinho foi muito importante para a prova do Enem, porque é uma prova difícil. A maioria das aulas era voltada para o exame, pois quase todas as universidades já estão usando a nota do Enem", afirmou.

Lista de espera

Para José Trindade, chefe do setor de processos seletivos da UFSJ, o que aconteceu com as vagas de medicina é comum no Sisu. "A demora para preencher as vagas acontece não só aqui, como em todas as universidades. O candidato às vezes está muito longe e na hora da matrícula desiste e acaba optando por opções mais perto", disse Trindade. Segundo ele, "a concorrência é grande, por que pega gente do Brasil inteiro e esses candidatos podem ter conseguido vagas em universidades mais próximas".

Lessa acredita que muitas pessoas se inscreveram no Sisu só para falar que passaram em uma universidade federal: "Acho que muitos candidatos até já estudam em outras instituições". O estudante é da cidade mineira de Juiz de Fora e pretende morar perto do campus, em Divinópolis. "Estou me preparando para sair de casa, conhecer gente nova. Tudo vai ser novo agora, mas a expectativa é boa".

Medicina ou direito?

E o único vestibulando que fez a matrícula na primeira chamada conta que medicina não era sua primeira opção: "Pensava em fazer direito, mas queria colocar no Sisu um curso da minha cidade [Divinópolis] e o único que tinha era medicina. Eu passei e foi alegria demais", afirmou Caleb.

O estudante garante que não foi só a proximidade de casa que o fez efetivar a matrícula. "Já peguei uns livros sobre o curso, fui em alguns médicos para ver como é a profissão, procurei o IML [Instituto Médico Legal] da cidade para dar uma olhada. Agora estou certo que é isso mesmo que eu quero. Fiz essas pesquisas porque é meu futuro que está em jogo, então é complicado", disse.