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Calouros da Unifesp simulam "futebol de cegos" e andam de cadeira de rodas em trote

Suellen Smosinski

Em São Paulo

03/03/2011 18h02

Cadeiras de rodas, vendas e bolas de guizo: esses foram os principais objetos utilizados pelos calouros da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo) nesta quinta-feira (3). O trote inclusivo, organizado pela associação atlética da instituição, tem como objetivo colocar o estudante em situações cotidianas enfrentadas pelas pessoas com deficiência.

Os novos alunos foram convidados a fazer um pequeno percurso pela rua da universidade em cadeiras de roda. O passeio foi feito em duplas, que se revezavam na hora de empurrar a cadeira. "Deu para perceber as dificuldades, qualquer valinha na rua já fica difícil de passar sem ajuda, subir escada então é impossível", conta a aluna Ana Lídia Peruchi Scanavini, 19.

O calouro de medicina Vinícius Menezes Campos, 21, também sentiu algumas dificuldades: "Tem que ter muita força nos braços para conseguir passar por alguns lugares, principalmente ruas com pedrinhas ou paralelepípedos", comenta. O estudantes aprovou o modelo de trote, pois o achou muito mais proveitoso. "No trote tradicional, um lado só ficava contente. Desse jeito, os dois lados se divertem [calouros e veteranos]. O aproveitamento do tempo é bem melhor."

No futebol para cegos, os alunos com os olhos vendados quase não conseguiam tocar na bola. Eles foram divididos em vários grupos e orientados por um instrutor da Secretaria de Estado do Direito da Pessoa com Deficiência. "Foi uma experiência interessante, você não imagina como é a vida de uma pessoa cega até sentir na pele. Aqui no jogo você fica desnorteado, sem saber o que fazer", essa foi a impressão de Matheus Van Schaik, 18, calouro de biomedicina. O estudante ficou impressionado por lembrar como existem cegos que jogam tão bem, pois ele " não tinha nenhuma coordenação".

E quem também fez sucesso foi Mac, o cão-guia de Daniel Monteiro, 24, consultor técnico da secretaria. Vez ou outra, o consultor tinha que alertar os alunos que Mac estava trabalhando e não podia brincar em serviço. 

Monteiro destacou a importância de eventos como esse: "Eu acho fantástico, porque a gente abre portas e planta sementes do movimento [pela inclusão] nos novos profissionais, e isso com certeza vai contribuir na formação deles". Para Monteiro, essas ações representam uma quebra de paradigma. "Antigamente, a pessoa com deficiência só vinha aqui para se tratar. Hoje, ela faz parte de todo o processo", diz ele.