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Calouros visitam asilo de idosos no trote da Unicamp

Maria Fernanda Ribeiro

Especial para o UOL Vestibular<br>Em Campinas

25/02/2011 18h30

Pelo menos 230 calouros da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) participaram, nesta sexta (25), do último dia do Trote da Cidadania Para o Consumo Consciente, que além de palestras sobre voluntariado teve visita a cinco entidades beneficentes. Divididos em grupos, a novidade deste ano ficou por conta da visita a um asilo de idosos, o Lar Evangélico Alice de Oliveira, no bairro São Bernardo. Cerca de 50 alunos conversaram com as 19 senhoras da casa, tocaram violão, cantaram e até promoveram um bingo.

As outras quatro instituições que os demais grupos conheceram eram voltadas par a crianças, assim como nos anos anteriores. Dos 39 cursos, 37 participam das atividades solidárias do trote da cidadania, que está no oitavo ano consecutivo. Em 2011, as atividades começaram na terça-feira e cada dia era dividido para contemplar determinados cursos.  A estimativa é que mil novos estudantes tenham participado durante os quatro dias do evento. Nenhum dos novatos é obrigado a participar, de acordo com uma das coordenadoras do trote Amanda Osteno Lino, 21 anos, estudante de Química. Os organizadores apenas passam nas salas e convidam os calouros. No entanto, a exceção foi para quem preferiu assistir aula ou voltar para casa.

“Que quintal florido”, disse Ester Morelli Ricardo, 84, ao se deparar com uma grande roda formada pelos estudantes que estavam sentados no chão enquanto um dos colegas tocava violão. Dona Ester pediu música e cantou junto. “Isso aqui traz muita alegria para a gente. Não tem nem como agradecer”, afirmou. André Seiji Tamanaha, 18, futuro engenheiro da computação, disse que nunca tinha ido a um abrigo para idosos e que a experiência, além de integrar e ajudar a sociedade, traz aprendizado. “Achei que teria o trote clássico.”

Egle Tito, 80, chegou quieta até o local onde os alunos se concentravam, mas não demorou para que vários dos estudantes se aconchegassem ao redor dela para ouvir suas histórias. Egle contou um pouco sobre sua vida, esbanjou bom humor e até aconselhou os jovens: “Estudem porque quem estuda tem mais oportunidade.” Alguns ficaram lá sem preocupação com o tempo. É o caso do estudante do segundo ano de Engenharia Mecânica, Henrique Kolbe, que atuava como monitor.  “É uma atividade [o trote da cidadania] que desperta algo na vida das pessoas. E o papo é bom”, afirmou.

Depois de muita conversa e violão, foi a vez do bingo onde canecas com o tema do trote da cidadania era a recompensa para quem preenchesse a fileira da cartela. As idosas que não sabiam jogar ou que não conseguiam enxergar foram auxiliadas pelos jovens. “Ela não enxerga muito bem. Então, vou marcar os números na cartela”, disse Suzane Martins Cavalcante, 19, caloura do curso de Engenharia Química. Depois da visita, lanche da tarde e dança e música no estacionamento da Biblioteca Central, sem bebidas alcoólicas, para fechar a integração solidária com alegria e diversão.

Comissão organizadora

Cerca de 50 alunos dos mais variados cursos da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) formam a comissão do Trote da Cidadania Para o Consumo Consciente. Eles são os responsáveis não só por recepcionar os calouros, mas também por arrecadar os recursos necessários para que as ações sejam executadas: tem camiseta, aluguel de ônibus, realização de feiras e palestras.

Em 2011, o trote da cidadania começou na terça-feira com palestra sobre consumo consciente e a visita foi a uma cooperativa. Na quarta-feira foi a vez do lixo eletrônico, com a realização de uma feira no campus. Ontem (24) o tema explorado foi o consumo doméstico e os grupos foram conhecer o Ceasa (Centrais de Abastecimento de Campinas), a ETE (Estação de Tratamento de Esgoto) e a Estação de Tratamento de Água. E hoje o tema foi voluntariado. Todas as visitas são precedidas por palestras na parte da manhã.

Amanda Osteno Lino, 21, estudante de Química, é uma das coordenadoras do trote da cidadania. Ela afirma que um dos motivos do interesse dela na ação é auxiliar para que os calouros não tenham trotes parecidos com o dela, onde os veteranos obrigam a realizar atividades como o pedágio na rua. Além disso, Amanda disse acreditar que o trabalho agrega conhecimento. “Trote com tinta e pedágio muitas vezes acua as pessoas. Aqui eles fazem amizade.”