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Unicamp: matemática exigiu "trabalho braçal"; português inovou na cobrança de literatura

Ana Okada

Em São Paulo

16/01/2011 21h14

No primeiro dia da segunda fase da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas), professores ouvidos pelo UOL Vestibular ressaltaram a grande quantidade de contas no exame de matemática e uma inovação nas questões de literatura do exame: a cobrança de comparações entre as leituras obrigatórias.

 

 

Veja as análises por disciplina:

Matemática
"Foi uma prova que exigiu muita técnica algébrica, ou seja, muitas contas aritméticas, não foi abrangente e algumas questões não apresentaram enunciados claros", diz o professor Roberto Jamal, do cursinho Anglo. Para ele, o exame não exigiu muita criatividade por parte do aluno e poderia ser mais diversificado. "Já tivemos provas melhores, porém, a prova vai selecionar os melhores, com certeza", diz.

O exame, que cobrou geometria plana, trigonometria, álgebra e análise combinatória, dentre outros, teve uma errata na questão 15, o item "A" apresentou troca de unidade: onde constava 130mg/ml, deveria constar 130mg/dl. Segundo a Unicamp, os candidatos foram comunicados sobre o erro no início da prova, mas, mesmo assim, a Comvest informa que aceitará resoluções considerando as duas unidades.

O professor Giuseppe Nobilioni, do cursinho Objetivo, observa que a parte de matemática teve bom nível e enunciados curtos e contextualizados. Ele ressalta, no entanto, que a questão 17 teve o enunciado "aberto" e isso pode ter prejudicado os estudantes. "Se eu estivesse fazendo a prova, uma pergunta dessas poderia suscitar indagações", diz.

Carlos Shine, do cursinho Etapa, conta que o formato do exame não mudou muito em relação aos outros anos, ou seja, o fato de ter sido uma prova longa era algo já esperado. "Suponho que tenha sido bastante longa para os alunos, não vou me surpreender se tiver aluno dizendo que não teve tempo", diz. "É o tipo de prova em que ter uma boa estratégia pode ser decisivo", explica.

Português
Em português, a novidade ficou por conta de questões que cobraram a comparação entre obras pedidas nas leituras obrigatórias. "Não era padrão da Unicamp fazer comparações e passaram a fazer, o que é bom, porque dá para cobrar mais livros", explica o professor Eduardo Calbucci, do Anglo. "É positivo, porque valoriza a lista como um todo".

Na disciplina, a universidade também teve que publicar uma errata: na questão 7, houve erro de transcrição na última estrofe do poema "Poética I", de Vinicius de Moraes. No trecho "Tudo onde há espaço", deveria estar escrito "Ando onde há espaço". A Comvest informa que a banca levará em conta as duas formas na correção da questão.

Para a professora Célia Passoni, do Etapa, o exame estava mais complexo do que o do ano passado. "Exigiu muita leitura, foi uma prova praticamente de redação, porque exigiu uma formulação de redação [nas questões]", explica. Em literatura, ela explica que o candidato tinha que saber mais do que o enredo dos livros: "exigiu leitura, resumo e crítica das obras; tinha que estudar bastante aspectos da crítica para responder com precisão", diz.

Com o predomínio das questões de literatura, a prova ficou mais extensa e difícil, avalia a professora Elizabeth Massaranduba, do Objetivo. "A prova foi mais difícil do que a Fuvest", diz.

Segunda fase
Os exames, que iniciaram neste domingo abstenção geral de 8%, serão realizados até terça-feira (18). Foram convocados 16.644 candidatos para esta etapa. O UOL Vestibular terá a resolução comentada da prova, feita pelos professores do Curso e Colégio Objetivo.

Hoje, serão aplicadas a prova de língua portuguesa e de literaturas da língua portuguesa e a prova de matemática. Amanhã (17), haverá provas de ciências humanas e artes (18 questões) e língua inglesa e, na terça-feira (18), de ciências da natureza.

Nos três dias da segunda fase, a entrada ocorre até as 13h. O local do exame não é necessariamente o mesmo do da primeira fase, é preciso consultá-lo aqui. Os organizadores do processo seletivo aconselham os vestibulandos a chegar ao local de prova às 12h e a sair de casa com antecedência, para evitar trânsito e congestionamento.