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Vai fazer segunda fase da Unicamp 2011? Veja dicas para o exame

Ana Okada

Em São Paulo

12/01/2011 07h01Atualizada em 12/01/2011 17h28

A segunda fase do vestibular 2011 da Unicamp (Universidade Estadual de campinas) começa neste domingo (16) e vai até a terça-feira (18). Apesar de ser, assim como a Fuvest, um exame discursivo, as provas têm diferenças: conheça algumas dessas particularidades e alguns dos assuntos que podem cair no vestibular.

A prova
Nos três dias da segunda fase, a entrada nos locais de prova ocorrem até as 13h. O local do exame não é necessariamente o mesmo do da primeira fase, é preciso consultá-lo aqui. Os organizadores do processo seletivo aconselham os vestibulandos a chegar ao local de prova às 12h e a sair de casa com antecedência, para evitar trânsito e congestionamento.

Nos Estados em que não há horário de verão, será seguido o horário local e não o de Brasília. A prova tem duração de quatro horas e permanência mínima de 2h30. A Unicamp orienta ainda que os candidatos façam o percurso até o local de prova antes do dia do exame, para conhecerem o caminho.

Veja o que será cobrado em cada dia:
 

  • 1º dia (16/1) – Prova de língua portuguesa e de literaturas da língua portuguesa (12 questões) e prova de matemática (12 questões);
  • 2º dia (17/1) – Prova de ciências humanas e artes (18 questões) e prova de língua inglesa (6 questões);
  • 3º dia (18/1) – Prova de ciências da natureza (24 questões).


Os candidatos convocados para a segunda fase devem fazer todas as provas desta etapa, independentemente do curso escolhido. As provas de habilidades específicas para os cursos de arquitetura e urbanismo, artes cênicas, artes visuais, dança e música serão realizadas entre os dias 24 e 27 de janeiro.

Veja dicas para cada disciplina cobrada no exame:

Português
Uma recomendação da professora Liliane Negrão, do cursinho Oficina do Estudante, de Campinas (SP), é revisar o resumo dos livros de literatura cobrados no vestibular. "Em literatura, a Unicamp trabalha com trechos de obra. Uma dica é revisar os resumos para relembrar a trama da história e a que escola literária ela pertence", diz.

Liliane, chamada pelos alunos de "Lilica", diz que a universidade costuma ter mais perguntas relacionadas com gramática do que a Fuvest. "Tem muitos temas que as pessoas dizem que não caem mais, mas a Unicamp cobre", diz. Sintaxe, crase e concordância verbal são alguns deles. "A gramática presa aos livros nem sempre aparece, mas um acento, uma concordância e o sentido de uma piada para o entendimento de uma charge, por exemplo, podem cair", explica.

Matemática
Na Unicamp, é valorizada a transposição de linguagem, explica o professor Antonio Carlos Rosso Júnior, do cursinho Anglo, de São Paulo. Ou seja: o candidato deve entender como um problema pode ser formulado nas linguagens escrita, gráfica e matemática.

Uma dica do docente é olhar as provas dos dois últimos anos para se familiarizar com o modo como são formuladas as questões "para se habituar com a linguagem". Dentre os possíveis assuntos que o vestibular irá cobrar estão: principais modelos de função (logarítmos, função quadrática) e suas representações gráficas; conceito de taxa de crescimento; matemática financeira; análise combinatória; probabilidade; geometria plana; e trigonometria.

História
Na parte de história da segunda fase da Unicamp, o professor Marcus Vinicius de Morais, do Oficina do Estudante, ressalta que o estilo das questões - que trazem fragmentos de textos e pedem a reflexão dos candidatos - reflete o tipo de aluno que a universidade quer atrair.

"A Fuvest é uma prova muito mais técnica. Já na Unicamp tem mais leitura", explica Morais. Em história, as questões vêm em ordem cronológica e os temas cobrados, clássicos, segundo o docente. "Raramente vem um tema que ninguém viu", diz.

Morais aposta em assuntos como Renascimento, grandes navegações, história da América, história dos Estados Unidos, Guerras Mundiais e Independência do Brasil como os que, geralmente, são cobrados. O aniversário de Independência do México (1810), ocorrido em 2010, também é um forte candidato a cair no exame.

Como dica, ele aconselha os estudantes a olharem resumos que tenham feito durante as aulas. "Não adianta querer aprender o assunto inteiro em dois dias", diz. Ele aconselha a leitura dos resumos mais por segurança do que por necessidade: "é para evitar o branco e a insegurança, que é o que pesa mais na prova. Os candidatos costumam colocar um peso [no vestibular] que, depois de alguns anos, você vê que é desmesurado. Se eles conseguissem trabalhar essa ansiedade ficaria mais fácil", diz.

Geografia
Em geografia, o professor Daniel Simões, do Oficina do Estudante, lembra que são cobrados conhecimentos de leitura da linguagem cartográfica, ou seja, o estudante deve saber ler mapas, diagramas e tabelas.

A Unicamp cobra mais a geografia física, natural, diferentemente da Fuvest, que dá mais ênfase à geopolítica, explica Simões. Segundo o docente, assuntos que podem cair na disciplina são a interação entre sociedade e natureza, domínios morfoclimáticos (vegetação, clima, solo) e crescimento urbano, problemas ambientais (tais como ilhas de calor, enchentes, lixo, congestionamentos).

Em atualidades, o vestibular costuma cobrar que o candidato esteja informado quanto aos principais acontecimentos do ano passado, tais como o terremoto do Haiti, o acidente dos mineiros do Chile, a dificuldade dos EUA em desocupar o Iraque, o agravamento dos conflitos no Afeganistão e as crises econômicas européia e americana, dentre outros.

Inglês
Em inglês, a supervisora da disciplina no cursinho Anglo, Patrícia Senne dos Santos, lembra que as respostas devem ser dadas em português, "a não ser que seja pedido algo diferente este ano", pondera. Além disso, o conteúdo da resposta deve ser objetivo e curto, ou seja: transcrição de trechos de textos só devem ser feitas se isso for pedido no enunciado.

A Unicamp utiliza diversos tipos de textos em sua prova: reportagens, artigos científicos, trechos de romances, poemas, cartoons e até letras de música, por exemplo. Basicamente, as perguntas cobram a verificação da leitura do texto dado. Patrícia aconselha os candidatos a, antes de ler o texto, ler as perguntas referentes a ele. "As vezes ler a pergunta facilita o entendimento do texto e você já sabe o que procurar lá, serve como uma bússola", explica.

Nessa parte do vestibular, a docente explica que o importante é entender a ideia principal do texto. Para isso, é bom conhecer os marcadores de discurso que ligam as orações, como conjunções e pronomes (demonstrativos, possessivos, relativos e pessoais), por exemplo. "São os elementos que dão coesão e coerência ao texto", explica.

Biologia
O professor Carlos Sérgio Stocco, de Campinas (SP), lembra que a Unicamp cobra bastante interpretação de gráficos nos exames de biologia. "Isso está sempre na prova, e são gráficos principalmente ligados à fisiologia animal, tanto de aparelho circulatório quanto de sistema endócrino. Todo ano tem uma questãozinha lá", diz.

O docente também elenca alguns assuntos que sempre quase sempre caem no processo seletivo: evolução - principalmente teoria sintética da evolução, o "neodarwinismo"; evolução adaptativa dos seres vivos ao ambiente terrestre; e fisiologia celular - funções das principais organelas da célula.

Além destes assuntos, Stocco aponta a fermentação alcoólica por fungos, que ocorre na produção do etanol, como um dos possíveis assuntos a serem cobrados.

Física
As questões de física da Unicamp são "mais tradicionais" do que as da Fuvest, explica o professor Carlos Alberto de Oliveira, do Oficina do Estudante. "Física é bem abrangente, cai um pouco de tudo, num nível mais aprofundado. O aluno tem que dominar o assunto", diz.

Para Oliveira, nos últimos dias antes do exame vale a pena recordar alguns conceitos, não "formulinhas". Para os estudantes mais anciosos, ele recomenda: "Depois que chegar da prova não pode ficar olhando as resoluções, mas se preparar para o dia seguinte, o estudante deve se sair bem nos três dias", diz.

O professor aconselha os estudantes a se empenharem para fazer pontos tanto nas disciplinas em que terão peso 2 (de acordo com a área do curso) quanto nas que terão peso 1. "Se sou de exatas, é natural ir bem em exatas; então, o diferencial é ir bem também nas matérias de humanas, que também contam", explica. Para isso, ele recomenda estudar todas as disciplinas. "Assim você consegue se suprir no sentido oposto ao do concorrente", diz.

O docente, que acompanha o vestibular há cerca de 15 anos, aponta alguns assuntos que sempre caem: cinemática e dinâmica (que podem compor cerca de 30% do exame); e ótica (refração em lentes e reflexão em espelhos esféricos), dentre outros assuntos, que caem mais sasonalmente.

Química
De acordo com o professor Anderson Dino, do Oficina do Estudante, as questões de química talvez sejam as mais interdisciplinares do exame. "A Unicamp tem muito essa cara, não cobra o conhecimento fechado de química", diz.

Numa mesma questão pode haver itens fáceis e difíceis: a dica, portanto, é que, caso o estudante tenha dificuldade numa parte, que a deixe para o final e faça as partes fáceis primeiro. "Ele não pode perder muito tempo numa questão, pois pode acabar deixando o resto da prova malfeita", explica.

O professor ressalta alguns temas que a Unicamp "adora": cálculo estequiométrico, termoquímica, equilíbrio químico, processos industriais (que podem ocorrer, por exemplo, na produção de ferro, na extração de petróleo e na produção de plástico), e química orgânica.