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Apesar da Copa, vestibulandos tentam manter rotina de estudos

Ana Okada

Em São Paulo

24/06/2010 09h53

Alguns dos principais cursinhos pré-vestibulares de São Paulo aderiram ao "clima de Copa do Mundo". As aulas foram reorganizadas para que os vestibulandos possam acompanhar os jogos da seleção brasileira em casa ou no cursinho e os alunos fazem bolões e trocam figurinhas do álbum da Copa. Há até aqueles que não conseguem esquecer da competição e que acabam acompanhando os jogos durante as aulas.

 

Na hora dos jogos do Brasil é impossível estudar; além disso, parar 90 minutos não vai prejudicar", diz Flora Rachel de Oliveira, 17, que concilia os estudos para o vestibular de medicina e os jogos do Brasil. Ao saber que uma professora sempre apostava em bolões e nunca havia ganhado, Flora resolveu dar um bolão --de chocolate-- para a docente. "É o primeiro bolão que ganho, até minha mãe já ganhou de mim", conta a Maria de Lourdes da Conceição Cunha, professora de literatura do curso e colégio Objetivo.

 

  • Alex Almeida/UOL

    Julia Rodrigues Arana, 20, coleciona figurinhas para aliviar a pressão durante a preparação para o vestibular

 A vestibulanda Julia Rodrigues Arana, 20, começou a se interessar mais por futebol quando começou a colecionar figurinhas para o álbum da Copa. "É uma forma bacana de socializar. Agora entendo porque envolve tanta gente", diz. O hábito, segundo a estudante, que está no quarto ano de cursinho e tenta uma vaga para medicina, a ajuda a espairecer durante os estudos. "Você lembra que está no mundo", diz.

 

No COC, em São Paulo, quem assiste o jogo no cursinho ganha até pipoca. "Fazemos um 'auêzinho' para eles se divertirem mais. Eles passam bastante tempo aqui, ficam tensos durante todo o ano, então tentamos deixá-los à vontade nesses momentos", explica o coordenador pedagógico Fábio Rendelucci.

 

No celular

Os estudantes Mateus Chiavassa, 19, e Joaquim Tavares, 18, vão além: durante as aulas, sempre acompanham os placares e, quando possível, os jogos, pelo celular. "Depois que já fiz os exercícios, ligo e vejo o placar e o pessoal que fica do lado acaba assistindo também", conta Tavares. "Não acho que atrapalha, porque já estudo de manhã e de noite. Quando não consigo mais acompanhar a aula, ligo e dou uma olhada nos jogos", diz.

 

Para Chiavassa, que estuda de manhã, a preparação para o vestibular termina às 15h30. "Depois, é só Copa". "Atrapalha um pouco [os estudos], mas é um mês só; é só estudar um pouco depois", pondera.

 

Só no intervalo

Daniel Picanço, 19, e Victor Shindi, 20, também acompanham a Copa, mas só nos intervalos das aulas. "A gente só prioriza os jogos do Brasil; não dá para ficar olhando muito para essas coisas, é ano de vestibular", explica Picanço.

 

Apesar de ser um ano atípico por causa da Copa, o vestibulando diz que a pressão do vestibular está ainda maior: "Como é o segundo ano de cursinho, sempre fica aquela coisa de 'eu já tinha que ter passado'".

 

Copa na aula

De acordo com a professora de geografia Vera Lúcia da Costa Antunes, do Objetivo, a Copa pode até cair no vestibular. "Pode ser cobrada em geografia, história, matemática, física; em diversas matérias. A Fuvest 2010 cobrou Apartheid e a África sempre é tema de vestibular. Agora, com a Copa, pode cair ainda mais", diz.

 

A docente pediu aos alunos para observarem as diversas etnias dos jogadores no álbum de figurinhas da Copa. "Com isso, eles começaram a notar as diferenças entre etnias e a diferenciar mais os países da Europa, quando estudamos o continente. Quando chegarmos na África, vou usar o álbum também", explica.