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1. Concordância
Você já deve ter ouvido falar sobre a famosa peça "Trair e coçar é só começar". É uma comédia que trata da relação entre dois casais que se metem em uma grande confusão por conta das trapalhadas de uma empregada engraçadíssima. Mas o que quero ressaltar é o título. Notem que o sujeito é formado por dois verbos no infinitivo, "Trair" e "Coçar", e por isso admitem o verbo no singular "é". Mas, cuidado, se o sujeito for formado por verbos que expressem ideias opostas, ocorrerá o plural, por exemplo: Trair e Ser fiel são assuntos da peça.

2. Regência
No padrão culto é preciso manter a regência determinada pelo verbo, principalmente quando seu complemento for um pronome relativo, pois nossa tendência é de omitir as preposições exigidas. Ouçam a música "Ilegal, imoral ou engorda", do Biquini Cavadão. Ela diz: "Tudo que eu gosto é ilegal é imoral ou engorda", mas o verbo "gostar" exige a preposição "de". Portanto, a frase correta deve ser assim: Tudo de que eu gosto é ilegal, é imoral ou engorda.

3. Conjunção
Vamos falar sobre um trecho do "Soneto de Fidelidade", de Vinícius de Morais: "Que não seja imortal, posto que é chama, mas que seja infinito enquanto dure". A conjunção "posto que", no dicionário, é sinônimo de "embora", considerada concessiva. Mas no poema certamente não está neste sentido, e sim como causal. Ou seja, "Que não seja infinito porque é chama..." - isso é causa. Então, não decorem aquela lista de conjunções adverbiais. O mais importante é saber interpretá-las, já que uma mesma conjunção pode assumir significados diferentes em cada oração.

4. Porcentagens
Em época de eleições, é comum lermos sobre os resultados das pesquisas eleitorais. Vejamos um exemplo: "a pesquisa do Datafolha nos mostra que em SP temos atualmente um empate técnico: 17% do eleitorado quer Paulo Maluf e outros 17% querem Luiza Erundina". Como explicar essa mudança no verbo? Percebam que a 1ª porcentagem é seguida de substantivo (eleitorado), e se o substantivo estiver no singular o verbo fica no singular. A 2ª porcentagem não é seguida de substantivo; o verbo, então, deve concordar com o número expresso.

5. Interpretação e classificação:
O vestibular de hoje não é voltado para conceitos decorados, mas sim para uma análise crítica do aluno, para a visão de mundo que ele tem. Por isso, a leitura é imprescindível para quem é vestibulando. Vejam um exemplo disso no poema "Congresso Internacional do medo", de Drummond, no qual ele escreve: "não cantaremos o ódio porque esse não existe, existe apenas o medo, nosso pai e nosso companheiro, o medo grande dos sertões, dos mares, dos desertos, o medo dos soldados e o medo das mães". Os soldados e as mães sentem o medo ou eles provocam o medo? Não dá para saber. Daí a possibilidade de uma dupla classificação sintática. Mas o que importa mesmo é que o texto gera esta análise crítica e isso é o que se tem cobrado ultimamente.

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