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Apesar de já ter sido comentado que as provas dos grandes vestibulares estão valorizando, sobretudo, o candidato que mostre competência nas habilidades de ler e de escrever, a prova da 1ª fase da Fuvest parece ainda caminhar em direção diferente, uma vez que a ênfase na gramática normativa continua significativa.

É uma prova que exige do vestibulando conhecimentos teóricos de gramática e a aplicação prática desses conhecimentos. Nessa etapa, é comum a apresentação de questões estruturadas a partir de nomenclatura gramatical - fato um tanto quanto raro hoje em dia nos vestibulares de grande porte.

Tudo isso implica o fato de que, para se dar bem na referida fase, o candidato deve estar devidamente em dia com o estudo da gramática, além, é claro, de ter que revelar reais qualidades como usuário da língua. Questões tradicionais - aquelas que não são geradas a partir de um contexto - sempre ocorrem e requisitam os conhecimentos anunciados nos programas de vestibular.

Para ratificar essas afirmações é pertinente observar que, na 1ª fase de um dos últimos concursos da Fuvest, seis das dez questões de português exigiam diretamente o conhecimento da gramática. Testou-se o vestibulando no que diz respeito a classes gramaticais, ortografia, formação de palavras, complementos verbais, colocação pronominal, regência (verbal e nominal) e estilística.

O primeiro desafio proposto pela Fuvest é, pois, um desafio que só pode ser vencido com estudo de certos conteúdos teóricos. É improvável o sucesso nessa primeira parte do vestibular sem a necessária preparação prévia, ainda que a prova seja estruturada em testes - o que, de fato, facilita um pouco a vida do estudante.

No geral, a Fuvest apresenta questões geradas de pequenos trechos de textos, entretanto, é possível encontrar testes estanques nos quais a gramática é o propósito final. A título de ilustração, vale a pena comentar algumas passagens da prova da Fuvest 1999.

Na 4ª questão, o enunciado é clássico, pede que o candidato assinale a frase em que a grafia está inteiramente correta. Além de avaliar conhecimento quanto à correção da linguagem, simultaneamente pede outros conhecimentos gramaticais.

Assim, observam-se incorreções facilmente identificáveis, como - no caso da questão em pauta - a palavra "majestade", grafada erroneamente com "g", ou outras que demandam análise mais complexa, como o termo "eminência" - título honorífico dos cardeais - num contexto em que só cabe a palavra "iminência" - o que está prestes a acontecer. Ocorrência que pede ao candidato conhecimentos de parônimos e, por conseguinte, domínio de vocabulário.

Caso certamente mais interessante é o da questão 7 dessa mesma prova, que solicita assinalar o período em que a lacuna deve ser preenchida apenas com pronome relativo e não com um pronome relativo regido de preposição.

Ora, sabendo-se que o pronome relativo desempenha funções sintáticas diferentes e que seu papel é o de substituir um termo antecedente nas orações subordinadas adjetivas, a presença ou não de preposição dependerá diretamente do valor sintático que ele estiver exercendo na frase. A pergunta, ao final, tem por objetivo checar conhecimentos de sintaxe em períodos compostos e regência (verbal e nominal).

O certo é que esta última é uma questão mais desafiadora que a comentada anteriormente, porém elas têm em comum o fato de que, em ambas, a famosa competência para ler e escrever está a serviço de um conhecimento positivo da norma culta, sem o qual responder ao que elas propõem seria uma tarefa bastante custosa. Estudar com a devida antecedência torna mais leve o peso de questões como essas: as tradicionais.

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