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VALE A PENA SABER
GRAMÁTICA
Análise sintática é cobrada no vestibular?
ODILON SOARES LEME
ESPECIAL PARA A FOLHA
Nota-se, nos atuais vestibulares, que são cada vez mais raras questões que tratam expressamente de análise sintática. E isso é ótimo, desde que
não se conclua, a partir daí, que
a análise sintática seja uma inutilidade. Aliás, não é de hoje que
a análise sintática tem adversários ferozes. Há algum tempo,
um intelectual de prestígio se
gloriava: "Lembro-me de pouquíssima coisa sobre análise
sintática, o que não me faz falta
para escrever".
Na realidade, a análise sintática continua com firme presença nos melhores vestibulares, só que cobrada de forma indireta. Vamos entender.
Um período constitui uma
rede de relações. Identificar,
dentro do período, os pares relacionados e detectar o tipo de
relação que um termo mantém
com outro é condição necessária para a apreensão do significado. Não se pode compreender um período sem essa capacidade de organizar mentalmente os elementos que compõem sua estrutura. Quando
essa operação de relacionamento se faz de forma consciente e explícita, com o auxílio
de uma nomenclatura com que
se identifica a função de cada
elemento dentro da estrutura,
está-se fazendo o que a gramática chama de análise sintática.
Assim, o que se verifica é que
a análise sintática não tem sido
cobrada expressamente, com
todo o seu aparato terminológico, mas o aluno deve resolver
questões que supõem a competência para fazê-la.
Por exemplo, são rotineiras
questões que versam sobre ambigüidade. Ora, uma das importantes causas de ambigüidade é
que determinado termo da oração pode ser relacionado com
dois outros, sem que haja elementos suficientes para se decidir por um deles. A frase
"Bandido atropela e mata garoto com carro roubado" foi apresentada, em recente vestibular,
como ambígua. Por quê? Porque o termo com carro roubado
pode ser relacionado com o
verbo atropela, e nesse caso
será o meio com que o bandido
atropela (adjunto adverbial),
ou com garoto, e nesse caso
será um determinante especificador do nome (adjunto adnominal).
Outro exemplo. Em cada alternativa de um teste destaca-se uma palavra na oração, e se
pergunta em qual alternativa o
verbo deverá ir para o plural,
caso a palavra destacada seja
colocada no plural. Ora, dar
resposta correta a essa questão
supõe a capacidade de decidir
qual palavra destacada exerce a
função de sujeito. E o teste acaba sendo, também, uma questão de concordância verbal.
Como se vê, é preciso, sim,
aprender análise sintática.
ODILON SOARES LEME é professor do Anglo,
responsável pela vinheta "S.O.S. Língua Portuguesa" da rádio Jovem Pan e autor de "Tirando
Dúvidas de Português" e de "Linguagem, Literatura, Redação" (Editora Ática)
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