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Protestos no país - A revolta da nova geração

Polícia militar confronta manifestantes em Brasília, a exemplo do que ocorreu em diversas cidades e capitais do país - Valter Campanato/ABr
Polícia militar confronta manifestantes em Brasília, a exemplo do que ocorreu em diversas cidades e capitais do país Imagem: Valter Campanato/ABr

José Renato Salatiel*

Especial para a Página 3 Pedagogia & Comunicacão

Uma série de protestos motivados pelo preço da passagem de ônibus espalhou-se pelas principais metrópoles brasileiras e adquiriu repercussão internacional. O movimento já é o maior das últimas duas décadas e forçou autoridades estaduais e municipais a dialogarem com os revoltosos.

Direto ao ponto: Ficha-resumo

Após duas semanas de passeatas e tumultos, os governos de São Paulo e de outras capitais recuaram e anunciaram a redução do valor das tarifas. Mas líderes dos manifestantes disseram que continuarão nas ruas, reivindicando mais qualidade no transporte público.

O movimento se caracteriza por ser jovem e apartidário. Ele pede melhorias na prestação de serviços públicos, um direito do cidadão. Milhares de pessoas participam de passeatas que, apesar de atos de vandalismo, conquistaram o apoio da população e de lideranças políticas.

As primeiras mobilizações aconteceram em São Paulo, organizadas pelo Movimento Passe Livre. O grupo usa as redes sociais e aparelhos celulares para coordenar os eventos. Os protestos foram motivados pelo aumento da passagem de ônibus na capital paulista, que passou de R$ 3 para R$ 3,20.

Nos primeiros atos, no começo de junho, a depredação de ônibus, bancos, estações de metrô e patrimônios despertou a antipatia da opinião pública. Esse cenário mudou no dia 13, quando a Polícia Militar reprimiu duramente a manifestação na Avenida Paulista, centro financeiro da cidade, ferindo populares e jornalistas.

A violência repercutiu no exterior, gerando o repúdio de instituições como a Anistia Internacional.

Se neste quarto dia de protestos havia cerca de 5 mil pessoas, o quinto protesto, em 17 de junho, contava com 65 mil, segundo estimativas da Polícia Militar e do Instituto Datafolha.

Do mesmo modo que no Irã (2009), na Primavera Árabe (2010) e, mais recentemente, nos levantes de Istambul, na Turquia, a repressão serviu como combustível para os manifestantes. Nos dias seguintes, eles ganharam a adesão de movimentos internacionais e a onda de protestos disseminou-se pelas principais capitais brasileiras.

Outras dezenas de atos em 27 países foram organizados pela internet, em apoio aos manifestantes brasileiros. As imagens dos protestos no Brasil também repercutiram na imprensa internacional.

No dia 18, uma das manifestações mais violentas terminou com uma tentativa de invasão da Prefeitura de São Paulo, saques a lojas e suspeitos presos. Estádios que recebem jogos da seleção brasileira pela Copa das Confederações também foram palco de distúrbios, o que obrigou ao Governo Federal a reforçar o esquema de segurança.

Transporte gratuito

O Movimento Passe Livre foi criado em 2005 no Fórum Social Mundial, em Porto Alegre (RS), com o objetivo de lutar por um transporte público gratuito e de qualidade. Eles se inspiram em movimentos surgidos em países democráticos após a crise financeira de 2008, nos Estados Unidos (Occupy Wall Street) e na Espanha (Indignados).

Os governos de São Paulo e Rio de Janeiro adiaram por seis meses o aumento das passagens, a pedido da presidente Dilma Rousseff. E, quando anunciado (2 de junho), o reajuste das passagens de ônibus, metrô e trens na capital paulista ficou abaixo da taxa de inflação – 6,7%, contra 15% da inflação.

Ainda assim, o preço não justificaria um sistema de transporte público de má qualidade e sujeito a aumentos sucessivos no valor das tarifas.

De acordo com um levantamento feito pelo jornal “O Estado de S. Paulo”, nos últimos oito anos o número de passageiros aumentou em 80%, e o valor arrecadado em as passagens, 30%. Apesar disso, a frota diminuiu, passando de 14,1 mil carros, em 2004, para os atuais 13,9 mil, assim como o número de viagens, devido aos congestionamentos.

Como resultado da mobilização popular, o prefeito Fernando Haddad (PT) e o governador Geraldo Alckmin (PSDB) anunciaram em 19 de maio a redução da tarifa de ônibus e trens do metrô em São Paulo. A mesma medida foi adotada n Rio de Janeiro e outras seis capitais.

Mesmo assim, as marchas continuam pelo país. No dia 20 de junho, mais de um milhão de pessoas foram às ruas, segundo a reportagem do UOL Notícias. Os manifestantes também protestam contra os gastos para a preparação da Copa do Mundo de 2014, a PEC 37 (proposta de emenda à Constituição que limita os poderes de investigação do Ministério Público), a corrupção e as más condições de Saúde e Educação no país.

Fique Ligado

Por enquanto, no momento em que os fatos acontecem, é difícil fazer uma avaliação correta de suas causas e consequências ou mesmo inseri-lo em um contexto histórico, salvo, talvez, na história recente. Nesse sentido, achamos importante recomendar a restrospectiva aqui apresentada no final de 2011, ano em que vários movimentos populares eclodiram em todo o mundo. Também vale à pena comparar o que aconteceu no Brasil com outras manifestações específicas. A seguir, sugerimos três delas, em artigos publicados nesta seção entre o ano passado e o anterior.

 

2011: protestos que abalaram o mundo

 

Indignados

 

Tumultos em Londres

 

Ativismo e nudez

 

Direto ao ponto

Protestos motivados pelo preço da passagem de ônibus espalharam-se pelas principais metrópoles brasileiras, causando tumultos e a maior mobilização popular dos últimos vinte anos. A pressão das ruas forçou os governos a revogarem o aumento do valor das tarifas de ônibus e trens.

 

Mesmo assim, as manifestações continuam pelo país, contra a corrupção, os gastos da Copa do Mundo e reivindicando melhorias nos serviços públicos. O movimento se caracteriza por ser jovem e apartidário. As primeiras passeatas aconteceram em São Paulo, organizadas pelo Movimento Passe Livre. O grupo usa as redes sociais e aparelhos celulares para coordenar os eventos.

 

Nos primeiros atos, no começo de junho, o vandalismo gerou antipatia da população. Mas nas manifestações do dia 13 de junho, em São Paulo, a repressão da Polícia Militar chamou a atenção da imprensa internacional e de órgão de defesa dos direitos humanos, mudando a imagem dos manifestantes. Outras dezenas de atos foram organizados pela internet no exterior, em apoio aos manifestantes brasileiros. Estádios que recebem jogos da seleção brasileira pela Copa das Confederações tiveram a segurança reforçada em razão dos protestos.

 

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