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![]() "UDR anunciou que vai entrar na Justiça com pedido de prisão ..." Atualizada em 2 de julho de 2009 ![]() Tenho certeza de que você, caro internauta, estranhou a frase apresentada, pois, à primeira vista, parece que "o líder do MST acusa alguém de algo". Lendo a frase até o fim, chega-se à conclusão de que não é essa a informação passada pelo autor da frase, e sim que "a UDR acusa o líder do MST de incentivar a violência". A ambiguidade ocorre em decorrência do uso do pronome relativo "que", subordinado a um verbo sem preposição. Antes de continuar a analisar a frase apresentada, vamos estudar um pouco sobre os pronomes relativos. Pronome relativo é o que retoma o elemento imediatamente anterior a ele, relacionando-o sintaticamente com o verbo imediatamente posterior a ele. Participa de período composto por, no mínimo, dois verbos, que se relacionam com o mesmo elemento. Por exemplo: Outro exemplo: Muito bem. Voltemos agora à frase apresentada: "UDR anunciou que vai entrar na Justiça com pedido de prisão do líder do MST, que acusa de incentivar a violência". Poderíamos modificar um pouquinho a frase para entendermos melhor a explicação: O trecho que nos interessa é "...pedindo a prisão do líder do MST, que acusa de incentivar a violência". Há dois verbos no período ("pedir" e "acusar"); ambos se relacionam com o mesmo elemento, "o líder do MST": "pedindo a prisão do líder do MST" e "o líder do MST acusa (alguém) de incentivar a violência". Tudo OK? NÃO!! Aqui é que reside o problema. Na realidade, o pronome "que" retoma o elemento anterior a ele (o líder do MST), mas não indica que ele "pratica" a ação de "acusar alguém", e sim que ele "sofre" a ação: "O líder do MST é acusado de incentivar a violência" por quem? Pela UDR: "A UDR acusa o líder do MST de incentivar a violência". O verbo "acusar" é denominado "verbo transitivo direto", aquele que indica que um elemento sofre a ação praticada pelo sujeito. Esse elemento é chamado de "objeto direto". O verbo transitivo direto não possui preposição, o que, muitas vezes causa dificuldade na interpretação. O verbo "vencer", por exemplo, é transitivo direto. Se escrevermos "Venceu o Corinthians o Santos", não haverá clareza quanto a quem venceu a partida. Para se evitar a ambiguidade pode-se fazer o seguinte: Na frase apresentada, o modo como foi usado o verbo "acusar" e a distância entre este e o seu sujeito, "UDR", causaram a ambiguidade. Para desfazê-la, pode-se estruturar a oração na voz passiva: ![]() Ou pode-se trocar o pronome "que" pelo pronome "quem" antecedido da preposição "a": ![]() ![]() E-mail: dilsoncatarino@uol.com.br | |