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Unicamp: 2º dia aborda relação do nazismo com arte e traz matemática fácil

14.jan.2018 - Logotipo da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas), na entrada do câmpus em Barão Geraldo, na cidade de Campinas - Renato Cesar Pereira/Photopress
14.jan.2018 - Logotipo da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas), na entrada do câmpus em Barão Geraldo, na cidade de Campinas Imagem: Renato Cesar Pereira/Photopress

Ana Carla Bermúdez

Do UOL, em São Paulo

15/01/2018 19h28

O segundo dia da 2ª fase da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) trouxe uma prova “sem surpresas”, mas que exigiu dos candidatos domínio dos conceitos e muita bagagem cultural, segundo a avaliação de professores de cursinho ouvidos pelo UOL.

Nesta segunda (15), os candidatos responderam às questões discursivas de matemática, história e geografia. Entre os temas abordados nas perguntas, estão a memória da ditadura no Brasil e o papel social da mulher no período colonial no país.

“A gente tem a valorização de temas muito importantes que são vistos no ensino médio, mas é uma prova menos original, menos surpreendente do que foi a 1ª fase”, analisou Célio Tasinafo, coordenador pedagógico da Oficina do Estudante, de Campinas.

“Foi uma prova sem surpresas, mas bem elaborada”, concordou Daniel Perry, coordenador do curso Anglo. Na ocasião da 1ª fase do exame, em novembro do ano passado, professores ouvidos pelo UOL classificaram aquela etapa da Unicamp como “pop” e criativa.

Arte, nazismo e mapas

Tema abordado tanto pela Fuvest na semana passada como pela própria Unicamp ontem (14), na prova de redação, a arte voltou a aparecer, dessa vez na prova de história.

A questão 5, que falava da campanha nazista contra a arte moderna, pedia para que o candidato explicasse o que foi o projeto estético do nazismo, além de indicar duas formas de violência praticadas pelo regime.

Unicamp questão nazismo - Reprodução - Reprodução
Imagem: Reprodução

“Dialoga com um tema bem atual, em torno do debate relacionado à arte e à função da arte”, pontuou o professor Perry, lembrando as discussões envolvendo a exposição Queermuseu.

Para Vera Lúcia da Costa Antunes, coordenadora pedagógica do curso Objetivo, o aluno que soubesse empregar os conceitos teóricos tinha condições de se sair bem na prova de hoje.

Exemplo disso, para ela, foram as questões 7 e 8, ambas de geografia. Elas pediam para que o aluno analisasse as imagens apresentadas –uma tirinha que representava a transformação de uma paisagem urbana e um mapa da região do Egito, respectivamente—para então associar ao conteúdo visto em sala de aula.

Questão gentrificação Unicamp - Reprodução - Reprodução
Imagem: Reprodução

“Não adianta [o aluno] falar a palavra delta se ele não souber conceituar o que é um delta. Não adianta ele escutar falar em gentrificação e não saber qual é o conceito de gentrificação”, pontuou.

Marcelo Dias, coordenador do Etapa, destacou o uso desses recursos gráficos –como mapas e imagens— ao longo da prova de hoje, principalmente nas questões de história e geografia. “Dá para afirmar que é um recurso que eles utilizam e permeia toda a prova”, afirmou.

Matemática teve “cálculo pelo cálculo”

Se história e geografia foram consideradas provas mais contextualizadas pelos professores, a prova de matemática foi vista por eles como tradicional.

“Matemática continuou uma prova padrão, com temas clássicos como matrizes, progressão aritmética, progressão geométrica, plano cartesiano”, disse Tasinafo, que destacou apenas a contextualização presente na questão 13, que falava sobre mensalidades escolares.

“O resto é o cálculo pelo cálculo. Não tem nenhuma proximidade com a realidade dos alunos”, avaliou.

Para a professora Vera, a prova de matemática trouxe “questões bem clássicas, com aplicação direta dos conceitos, e interpretação fácil dos enunciados”.

“A resolução se baseava essencialmente na leitura e, claro, do conhecimento específico [dos cálculos], mas não trazia dificuldades maiores”, complementou o professor Dias.

Abstenção

Segundo a Comvest, organizadora do vestibular da Unicamp, 11,9% dos candidatos convocados para a segunda fase não compareceram neste segundo dia de provas. O índice é maior que o do ano passado, que foi de 10,6%.

Entre as cidades que aplicaram o exame, Fortaleza teve o maior percentual de abstenções – 34,3%. A cidade de São Carlos, no interior do Estado de São Paulo, registrou a menor proporção de ausentes, que ficou em 9,1%.

O último dia de provas da segunda fase acontece nesta terça (16), quando os candidatos farão as provas de biologia, química e física.